“Quero dizer: somente o necessário, receitas da Mãe Natureza que trazem as simples necessidades da vida. É por isso que eu sou um urso feliz”. Baloo em Mowgli, o Menino Lobo.
Jorge Luis Borges considerava Rudyard Kipling e Eça de Queirós como os principais expoentes da Literatura Mundial.
Joseph Rudyard Kipling, nascido em Bombaim e prêmio Nobel de 1907, ficou conhecido principalmente pelos contos relacionados à selva e aos animais.
Mowgli, um dos principais personagens do conjunto de contos reunidos sob o título de “O Livro da Selva” oferece uma experiência de adaptação infantil não somente em relação à natureza, mas também à vida adulta.
O educador inglês Robert Stephenson Smyth Baden-Powell ficou impressionado com os textos de Kipling e criaram entre si uma forte amizade. No Brasil, “O Livro da Selva” foi traduzido por José Bento Renato Monteiro Lobato sob o título “O Livro da Jângal”.
Kipling inspirou Baden-Powell que fundou o escotismo também em 1907. A divisão inicial do Escotismo é denominada de “Lobinhos” em homenagem à Mowgli.
Retrocedendo quase três milênios, vem dos filósofos pré-socráticos a primeira noção ocidental de natureza. Se pudéssemos simplificar e dividir a filosofia grega em dois compartimentos, a primeira parte teria como preocupação estudos da natureza e a segunda parte a ética, a partir de Platão. Em outras palavras, os pré-socráticos se preocupavam com o mundo externo e os socráticos com o mundo do “eu”, do “sujeito”.
Infelizmente, no final da Idade Média, a noção de antropocentrismo encontra subsídio adicional a partir do Mercantilismo e é esta condição que coloca a humanidade como um elemento quase externo à natureza.
É com uma visão de exterioridade e também de superioridade que enfrentamos erraticamente a continuidade do que convencionamos denominar civilização.
“Somente o necessário”, mantra criado para e pelo urso Baloo nas filmagens de “Mowgli, o Menino Lobo” parece resumir o total da obra de Kipling sobre as matas da Península Índica: um olhar ao mesmo tempo inocente, infantil e sábio, além de resguardar uma advertência e sobretudo uma distância à nossa inserção no contexto da vida. Baloo é responsável pelo ensinamento dos pequenos lobinhos sobre a lei da floresta, para que estes sejam fortes e ágeis e respeitando a Alcateia e a Natureza, alcancem a realização.
A inocência pode ser vista como um tributo à Natureza e a Sabedoria pode ser compreendida como um determinado respeito à Física, à Biologia, enunciados pelos gregos e principalmente aos mecanismos da Natureza através do tempo no espaço, ainda nem preliminarmente vislumbrados. Em resumo, precisamos de distanciamento e ao mesmo tempo de inserção, uma ideia paradoxal ainda a ser assimilada.
“O Livro da Selva” (The Jungle Book ) é o título de um livro publicado em 1894, constituído de uma coleção de sete contos do escritor Rudyard Kipling, publicados anteriormente em revistas de 1893 e 1894 e traduzidos por Monteiro Lobato e publicados em 1941 para a língua portuguesa.