Johann Sebastian Bach ficou conhecido como um dos Evangelistas.
A obra do músico nascido em Eisenach em 1675 se articula a partir de princípios musicais que se tornaram um paradigma dentro do sistema tonal.
Houve novas propostas como a de Arnold Schönberg, no campo do cromatismo, mas as Institutas de Bach que incluem dezenas de prelúdios, fugas e partitas prevaleceram até nossos dias, moldaram nossos ouvidos. O Tratado de Harmonia de Schönberg, publicado no início do século XX aborda o sistema tonal e na Academia é necessário estudar Harmonia antes de estudar o Contraponto de Bach. Genial, revolucionário e sobretudo humilde.
O Cravo de Bach é temperado desde sempre. Não que Bach não vislumbrasse o cromatismo, conhecimento que ficou ilustrado em composições como a Fantasia Cromática.
Assim como Michelangelo estudou grandes pintores como Giotto, Bach estudou demoradamente os compositores do século XVII.
Porém, muito além da Bem Temperança, o Oratório de Natal, as Paixões, o Oratório de Páscoa e a Missa em Si menor, e mais de duas centenas de Cantatas constituem um paralelo único para as Sagradas Escrituras do Novo Evangelho.
Em outras palavras, Bach não utilizou apenas conhecimento musical, mas dotou as Composições Sacras com religiosidade e espiritualidade definitivas.
A extensa Sinfonia de Abertura do Oratório de Natal traz um verdadeiro hino de júbilo e emoção que encerra o tempo de espera, anunciado em Alemão. Os sopros e tambores valorizam a memória existente de sons medievais para momentos épicos.
Depois, o céu se abre.
E o Oratório se estende por mais de cinquenta composições apresentadas em cinco missas ou cultos: 24, 25 e 31 de Dezembro; Primeiro e 6 de Janeiro.
Permanecemos na presença de Deus e Bach não economiza nada, nem um detalhe.
Em Belém, na hora de dormir, o carinho de Maria silencia a noite.
Jesus, recém-nascido, é depositado em uma pequena manjedoura de madeira arrumada por José em uma pequena estrebaria, cercados pelo calor de alguns animais.
Hemisfério Norte, tempo de inverno.
No céu, a estrela de Belém a guiar a esperança escoltada por um batalhão de anjos.
Em Belém, a manjedoura permanece como símbolo de renovação e fortalecimento da Fé.
Feliz Natal!
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José Alencar Galvão de França
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