Entre os dias 13 e 14 de Fevereiro de 1945, a Força Aérea Americana, juntamente com a Real Força Aérea Britânica, executaram os bombardeios mais intensos até então realizados, procedendo à quase destruição total da cidade de Dresden, Alemanha, ao final da Segunda Guerra Mundial.
Mulheres e crianças, prevendo o perigo iminente, correram para as margens do Rio Elba, onde foram metralhadas pela Força Aérea Britânica.
Winston Churchill nunca conseguiu se referir ao episódio adequadamente, mas deveria ter pensado nos cinco anos de bombardeio nazista que os britânicos sofreram.
O que fica de mais desumano em uma guerra é o sofrimento da população civil.
Dresden tenta recuperar parte de suas edificações. Enquanto a catedral gótica de Colônia ficou preservada, como uma testemunha solitária às margens do Rio Reno, o principal templo de Dresden, em estilo barroco, foi destruído.
O reerguimento de Frauenkirche (Igreja de Nossa Senhora) faz parte da saga de recuperação da cidade.
Alemães e ingleses não pretendem superar o terror da guerra com esquecimento.
Na reinauguração de Frauenkirche, os britânicos enviaram para a Alemanha uma cruz feita com os pregos retirados dos escombros da porta principal da catedral de Coventry, abalada pelos bombardeios alemães. Nada mais doloroso.
Solidários na tristeza e no sofrimento, fica a pergunta: houve excesso de contra-ataque em Dreden? A resposta estaria nos campos de concentração: como libertar os milhares de presos sem fazer a Alemanha se render?
A Biblioteca de Dresden, igualmente destruída guardava partituras e manuscritos do compositor veneziano Tomaso Giovanni Albinoni. Um músico teria dito que encontrou uma folha de um concerto e que conseguiria recompor o trabalho.
A oferta resultou no célebre Adágio para cordas, que além da homenagem ao compositor, resta como uma das composições mais tristes já escritas.
O mais interessante é que não houve nenhuma partitura remanescente e o trabalho hoje é atribuído ao compositor Remo Giazotto.
Em memória de Dresden.
A Humanidade somente voltará a evoluir quando interromper todas as guerras.
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José Alencar Galvão de França
Graduado em Direito pela USP e especialista em Direito Romano pela Universidade de Roma “La Sapienza”