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domingo 24 novembro 2024
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GPS – Natureza morta

Um dos biomas mais inigualáveis da Terra, o Pantanal está passando por crises hídricas que colocam sua existência em risco.
Alimentado por um sistema fluvial externo, toda a região do Mato Grosso do Sul está sem chuvas. Além da região vizinha do Paraguai, Mato Grosso e São Paulo.

O Pantanal possui um sistema hídrico ímpar. A água que corre em seus rios resulta das chuvas que ocorrem nas cabeceiras dos rios de sua bacia hidrográfica: Rio Paraguai e seus afluentes.
O Rio Paraguai é navegável em sua passagem pelo Pantanal e o relevo por onde passa é pouco acidentado permitindo a permanência das águas. A planície hidrográfica do Pantanal é considerada uma das maiores do mundo.

Apesar de sofrer inundações com as chuvas de verão, o Rio Paraguai possui pequeno potencial energético, o que garante a inexistência de hidroelétricas na região.

Enquanto a pesca tem reduzido a existência de peixes em suas águas, com grande desequilíbrio, as queimadas no entorno e principalmente o grande incêndio ocorrido em 2020 aumentaram as áreas de pastagem. Aqui mais um perigo.

De fato, as águas protegem o Pantanal e garantem sua existência. Com muitos meses ainda de estiagem pela frente, é possível prever que as queimadas de 2024 terão impactos ambientais ainda mais severos que em 2020, já que a natureza da região ainda não se recuperou totalmente.

Não é possível crer que a União tenha iniciativa e forças para salvar o Pantanal. As iniciativas em 2020 partiram em sua maioria de Organizações Não Governamentais. Iniciativa federal deveria ao menos, lutar para manter a diversidade da flora e da fauna da região.

Independente da ausência de chuvas, o desmatamento é o principal resultado das queimadas, seguido pelo agronegócio. As queimadas têm como principal objetivo liberar espaço para a pecuária extensiva.
Resumidamente, já estamos vivendo as consequências das alterações climáticas e ainda insistimos no erro em sermos o “Celeiro do Mundo”.

A EMBRAPA PANTANAL tem acelerado estudos para a região, de forma a fomentar políticas públicas que possam reduzir a erosão e reposição da vegetação e consequente habitabilidade para a fauna local.

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José Alencar Galvão de França é Economista
alencargalvao@terra.com.br