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quinta-feira 28 novembro 2024
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GPS – II Giardino dei Finzi-Contini

Infandum Regina, iubes renouare dolorem – aeneas – liber ii
Luis de Camões inicia “Os Lusíadas” fazendo referência e reverência ao primeiro verso do Livro I da Eneida de Virgílio, em um dos versos mais caros aos nativos da Língua Portuguesa. O objetivo de Camões foi o de equiparar os feitos e dar mostra de seu objetivo que era, principalmente, cantar os feitos de Portugal e de Vasco da Gama durante o período das navegações.

No Livro II, Eneias ao relembrar as tristezas da guerra de Troia para Dido, Rainha de Cartago, profere a frase mais célebre do livro: “Obriga-me, Rainha, a reviver uma dor indizível?”

Homero interrompe a “Ilíada” com as exéquias de Hector. Virgílio dá continuidade à “Ilíada” através da narração de Eneias sobre os acontecimentos posteriores à morte de Hector, comentando logo na primeira estrofe do Livro II sobre a construção do cavalo de madeira.

A Eneida, constitui assim, em Latim, o primeiro relato escrito da existência do cavalo de Tróia, ou de sua lenda. Arqueólogos garantem que houve várias guerras em Tróia, de acordo com escavações feitas no sítio localizado na costa da Turquia.

O romance “Il Giardino dei Finzi- Contini” foi traduzido em Portugal como “O Jardim onde vivemos”, fazendo uma alusão tanto ao local em si como em relação ao mundo. Assim como os dois textos greco-romanos, o texto se desenvolve como uma reconstrução do passado. Igualmente dolorosa.

Alguns críticos literários comparam “O Jardim dos Finzi-Contini” ao livro de Proust “Em busca do tempo perdido”. A lembrança do passado e uma suposta possibilidade de reconstrução pairam sobre as duas obras.

Alinha-se, consequentemente, “O Jardim dos Finzi-Contini” aos relatos de memória e reflexão, quando o leitor é convidado a participar dos acontecimentos, ora como um dos personagens, ora como um interventor que luta para alterar os destinos futuros da narrativa dentro do passado, tentando alterar o que resultou no presente.

Giorgio Bassani publicou “Il Giardino dei Finzi-Contini” em 1962, pela Editora Feltrinelli, Itália. O destino de parte dos protagonistas do livro está anunciado nas primeiras folhas: os campos de concentração nazistas.

Entretanto, tudo se passa nos extensos jardins da magnífica vila da família Finzi-Contini, na cidade italiana de Ferrara, onde os jovens judeus se encontravam após a proibição de frequentarem os clubes locais. O contraste entre a beleza do parque e as atrocidades da guerra causam um ímpeto durante a leitura para equacionar conflitos que deveriam ser evitados como o que eclodiu na Palestina.

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José Alencar Galvão de França
alencargalvao@terra.com.br