O Mar de Aral foi um lago continental, localizado no centro da Ásia. O lago se situava acima do nível do Mar Cáspio e possuía um espelho de superfície com mais de 68.000 km2.
Quando da construção da Estrada de Ferro Transiberiana, chegaram as primeiras informações sobre sua profundidade máxima: por volta de 70 metros. Consequentemente, as pontes planejadas se tornaram inviáveis e o lago foi contornado, prolongando o trajeto previsto da estrada.
Quase cem anos depois, um sistema de transposição orientado pela URSS desviou dois dos principais rios que alimentavam o Mar de Aral para irrigar um deserto na proximidade, com extravasão em direção ao Mar Cáspio.
Enquanto a alteração do traçado da Estrada de Ferro no final do século XIX ficou conhecida como o maior erro de gestão de projeto até então registrado, o desvio dos cursos dos rios demonstrou ser uma das grandes tragédias ecológicas das últimas décadas.
Segundo o “Túnel do Tempo”, página eletrônica grega, atualmente, o lago possui somente 10% de sua extensão original. A salinidade da água subiu cinco vezes, eliminando a quase totalidade dos peixes que ainda sobreviviam.
Shakespeare escreveu quatro peças de teatro que são constantemente associadas entre si: Hamlet, Macbeth, Otelo e Romeu e Julieta.
O Príncipe Hamlet, órfão prematuro, tem sido desde a publicação do texto, um paradigma para o despreparo.
O fantasma do Rei da Dinamarca se tornou uma espécie de premonição ou advertência para os governantes que se lançam no poder sem a contrapartida de bom senso ou mesmo total ausência de senso prático ou ainda, sem uma equipe de governo adequada.
Países com escala métrica continental como a China, Rússia e Brasil são os mais propensos a receber obras que trarão mais problemas que soluções. Muito provavelmente, os países com pequena extensão como Israel, são mais sensíveis às grandes mudanças.
Israel permanece como um exemplo na utilização de tecnologia para a obtenção de água doce e otimização de irrigação e a Dinamarca como um exemplo de novas práticas governamentais que deixariam Hamlet orgulhoso de seu reino.
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José Alencar Galvão de França
Graduado em Direito pela USP, especialista em Direito Romano pela Universidade de Roma “La Sapienza” e especialista em Gestão de Projetos pelo Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica.