Em 1983, o escritor e filósofo Günther Anders recebeu o Prêmio Theodor Adorno, a mais alta premiação da Filosofia Alemã. Foi em Frankfurt, na Igreja de São Paulo, símbolo da Revolução de 1848. Coube ao prefeito daquela cidade, um democrata-cristão, Walter Wallmann, justamente um opositor das ideias do filósofo, entregar-lhe o prêmio.
O político disse: “Homenageamos, aqui, o filósofo Günther Anders porque ele nos contradiz, adverte constantemente, nos abala”. Anders lhe respondeu: “Sou apenas um conservador, em princípio, que busca fazer com que o mundo seja conservado para poder mudá-lo”.
Anders, nascido na Polônia em família judia com o sobrenome Stern, ao escrever sua biografia observou que escreveu sobre várias vidas: lutou na Primeira Guerra Mundial, enfrentou o Nazismo e ficou atônito com Hiroshima.
Sobre Hiroshima escreveu em 1959 seu ensaio mais significativo sobre a Era Nuclear: Thesen zum Atomzeitalter.
Em poucas palavras, em tradução livre, notou que nossa existência se define como “Prazo Final” e metralha: “Nós vivemos como não existentes”; “tornaremos ainda a viver?”
Porém, soluciona: “Nós temos que cuidar para que o Tempo do Fim ou Tempo Final, ainda que a qualquer tempo possa se tornar o Fim dos Tempos ou Final do Tempo (Die Endzeit) se torne eterno, ou seja, que nunca ocorra”.
“Dado que nós somos apocalípticos, já que nós cremos na possibilidade do Final do Tempo, se nós lutarmos, teremos a mudança que consiste em adiar eternamente o aniquilamento da Humanidade”.
As teses de Anders voltaram ao debate desde a Invasão da Ucrânia, quando o totalitarismo soviético demonstrou provas de sua existência.
E retomaram força com as “Alterações Climáticas” e com as “Guerras Climáticas”.
O Pacto Australiano, assinado na última semana, em relação à Ilha de Tuvalu, no Pacífico Sul, demonstra a capacidade de contra-ataque e resistência da Humanidade, quando a Austrália oferece apoio e refúgio aos ilhéus, na hipótese de desastre humanitário.
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José Alencar Galvão de França
Graduado em Direito pela USP, especialista em Direito Romano pela Universidade de Roma “La Sapienza” e especialista em Gestão de Projetos pelo Programa de Educação Continuada da Escola Politécnica.