O Portão C do Muro de Berlin pode ser considerado o símbolo máximo da Guerra Fria. Principal passagem entre Berlin Ocidental, ilhada pelo Muro construído pelos soviéticos e alemães orientais em 1961, e Berlin Ocidental, foi palco de eventos que celebrizaram o local.
Foi em Check Point Charlie, alguns meses após a construção do Muro que houve o famoso confronto dos Panzers. Apenas dois meses após a construção do Muro, em 27 de Outubro de 1961, a Guerra Fria ficou suspensa por várias horas em decorrência de desentendimento entre soviéticos e americanos.
O conflito teve início quando um funcionário americano não teve permissão para entrar em Berlin Oriental. Ambos os lados posicionaram seus tanques de guerra frente a frente no posto de passagem. Imediatamente, o nível de alerta chegou ao ponto de ebulição e os comandos de tropas de quase todos os países do mundo foram alertados.
Dali eclodiria a Terceira Guerra Mundial. O prenúncio de guerra era claro e caso houvesse uma agressão, deveria ser correspondida com pronto contra-ataque.
A tensão durou quinze horas e a negociação para reequilibrar a tensão natural do local chegou até Nikita Khrushchov e John Kennedy. Chegaram a um acordo que começou com o recuo de cada divisão de tanques em dez metros.
Oficialmente, nem os Estados Unidos, nem a União Soviética tinham interesse em um conflito armado, mas precisavam demonstrar determinação e presteza no sentido de assegurar cada a cada lado, alguma segurança.
Alguns anos depois, John Kennedy fez o famoso discurso “Hoje, eu sou um berlinense” em um evento organizado exatamente em frente ao Check Point Charlie, com o objetivo de sensibilizar os soviéticos a demolirem o Muro de Berlin.
Em Julho de 2024, as potências rememoram o confronto dos Panzers, mas desta vez, com a questão da instalação de mísseis em países da OTAN que pudessem atingir mais facilmente a Rússia.
Ocorre que a Rússia já possui mísseis que alcançam toda a Europa. Mesmo assim, o Kremlin respondeu à possibilidade da instalação de mísseis americanos em território alemão como “o retorno da Guerra Fria”.
De fato, a Rússia ainda está assimilando o fim do conflito Leste-Oeste, iniciado com a queda do Muro de Berlin em 1987, atenuado por Gorbatchov e Yeltsin, mas retomado por Putin.
Volta ao mundo, além da luta por água potável e alimentos, a luta pela paz.
O Chanceler alemão Olaf Scholz se demonstrou a favor de um dissuasão e disse que garantirá a paz. Lembremos que a França e a Alemanha, antes inimigos, são líderes fraternais da União Europeia.
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José Alencar Galvão de França
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