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quinta-feira 26 dezembro 2024
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GPS – As origens do Totalitarismo

Do consulado em Roma, temos informações a partir do final do Período Régio. Composto por cargos eletivos da magistratura, teve papel preponderante durante toda a República. Os cônsules eram eleitos anualmente em número de dois e exerciam o cargo em meses alternados. Os triunviratos foram estabelecidos duas vezes, já nas últimas décadas da República.

O dictator era eleito por um período de seis meses, mas somente quando Roma precisava de unidade e presteza nas decisões perante um perigo iminente como guerra ou invasão, com foco militar.
Durante o Principado, ainda podemos notar o funcionamento das magistraturas e do Senado. Aliás, o Senado Romano detinha a auctoritas, mas ao povo era reservada a potestas.

A partir de Diocleciano, o poder em Roma fica centralizado na figura do imperator que reúne tanto a auctoritas quanto a potestas. As magistraturas são preenchidas por indicação do imperator. O povo se transforma em súdito e foi assim durante o Período Medieval.

Durante o Renascimento, Maquiavel publica vários textos sobre política onde observa o nascimento do Absolutismo na figura do Príncipe. Maquiavel era republicano, mas sua importância política e conhecimento da gestão pública fez com que sobrevivesse à restauração da família Médici em Florença.

Após a Revolução Francesa, o Absolutismo foi envolvido pelo Imperialismo.
Não é possível afirmar que o Imperialismo tenha inaugurado a opressão como elemento principal de governo. Durante o Período Mercantilista, a opressão foi extremamente severa, sendo que populações nativas inteiras do continente americano foram dizimadas, principalmente por espanhóis, portugueses, ingleses e norte-americanos.

No livro “As Origens do Totalitarismo”, Hannah Arendt considera “a opressão política como uma forma distinta do despotismo, tirania e ditadura, na medida em que aplica o terror para subjugar grandes massas populacionais e não apenas adversários políticos”.

Arendt cita a guerra dos Boers na África do Sul e a perseguição dos judeus desde o século XIX como principais exemplos de opressão política do neoimperialismo.
O debate liderado por Arendt em meados do século XX pode trazer alguma luz sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia.

A política russa parece se alimentar de antigos conceitos étnicos e de pretenso imperialismo para subjugar a população ucraniana. Reconsidera o Czarismo ao não conseguir se conter em seu extenso território.
Reconsidera o Stalinismo e o Exército Vermelho que dizimaram grande parte das famílias ucranianas com perversidade. Em outras palavras, a invasão do território ucraniano possui raízes nos séculos anteriores e é um ato levado a efeito para celebrar e espalhar o terror; amedrontar não somente os ucranianos, mas também oprimir os próprios russos, sobressaltar vizinhos como a Polônia e de uma certa forma, atemorizar quase todo o planeta pela ameaça de terrorismo nuclear. Ao subjugar os ucranianos, a Rússia pretende ganhar apoio dos russos, não somente ao eliminar o que considera “povos supérfluos”, pelo que pode ser depreendido da visão de Arendt, mas também pela presença do terror.

A Queda do Muro de Berlin significou a derrota do Stalinismo, do Nazismo e do Comunismo e não precisamos de uma nova Cortina de Ferro.

“As Origens do Totalitarismo” é um livro da pensadora Hannah Arendt onde examina as origens históricas e as características políticas dos principais regimes totalitários do século XX. Foi publicado na Grâ-Bretanha em 1951 com o título “O Fardo de Nosso Tempo”.

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José Alencar Galvão