Após estabelecer o caminho para as Índias e a consequente chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, por mais de 30 anos, Portugal priorizou o comércio de especiarias do Oriente.
A saga marítima transformou Portugal em uma das potências mundiais, em plena corrida mercantilista. Luis de Camões eternizou os feitos portugueses no livro “Os Lusíadas”, cujo principal personagem foi Vasco da Gama.
Tendo a Espanha deliberado uma política agressiva de devastação e exploração da região além do Tratado de Tordesilhas, o Rei Dom João III, conhecido posteriormente como “O Colonizador” empreitou para um nobre de sua confiança a missão de dar início à colonização do Brasil: Martim Afonso de Souza.
Enquanto os espanhóis, tendo como propósito o acúmulo de metais preciosos como ouro e prata, quase exterminaram ameríndios como os astecas no México, os maias na América Central e os incas no Peru, os portugueses organizaram um política para estabelecer uma ocupação mais pacífica no litoral brasileiro.
A expedição de Martim Afonso contava com uma esquadra de cinco naus, armada para defender a costa de piratas franceses e trazia 400 colonos, além dos tripulantes.
Martim Afonso percorreu quase toda a costa brasileira a partir do litoral do atual Pernambuco e chegou a conhecer o estuário do Rio da Prata, tendo em vista obter informações sobre a existência de prata na região. Fundou o primeiro povoado de colonização portuguesa na Ilha de São Vicente, onde estabeleceu também o primeiro engenho de açúcar da colônia.
Designado capitão-mor da esquadra, Martim Afonso tinha como missão fundar núcleos de povoamento, exercer justiça civil e criminal, garantir a posse do território em nome do rei e poderia nomear funcionários e distribuir sesmarias.
Guiado pelo cacique Tibiriçá e pelo português João Ramalho, Martim Afonso pode ser considerado o primeiro fundador da cidade de São Paulo, o que estenderia o início da colonização do planalto para 424 anos em 1954.
Aliás, São Paulo pode ser considerada irmã da cidade de Buenos Aires, já que foram colonizadas sob o mesmo ímpeto dos reinos europeus em busca da prata. Outra coincidência, as duas cidades foram fundadas duas vezes, no mesmo século XVI.
Diogo Álvares Correa, conhecido como Caramuru, João Ramalho, casado com Bartira, filha do cacique Tibiriçá e Antônio Rodrigues facilitaram a missão da expedição de Martim Afonso, uma vez que eram intérpretes junto aos índios e tinham conhecimento da região.
Antes de retornar à Lisboa, em 1532, Martim Afonso recebeu uma carta de Dom João III, cujo principal assunto seria o de instituir o regime de capitanias para colonizar a porção continental leste do Tratado de Tordesilhas.
O livro “As Famílias de 400 Anos” foi publicado por ocasião da comemoração do IV Centenário da cidade de São Paulo e enumera os sobrenomes dos primeiros desbravadores e colonos do atual Estado de São Paulo.
O Cacique Tibiriçá, um dos patronos da fundação de São Paulo, está enterrado na Catedral da Sé.
