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segunda-feira 30 setembro 2024
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GPS – A Cidade Antiga II

GPS – A Cidade Antiga II

Florença foi capital da Itália de 1865 até 1871. Recebeu a incumbência de Torino, onde residia o rei Vittorio Emanuele. Passava a Itália por um processo de unificação.

Com pouco mais de 100.000 habitantes na época, a cidade perdeu seis quilômetros de suas muralhas para que pudesse se expandir. Foi organizado um plano urbanístico semicircular com as ruas convergindo para a Piazzale Michelangelo, uma enorme praça sobre uma enorme colina aplainada que possui vista sobre toda a cidade. Daquela margem do Rio Arno, é mais perceptível o relevo do Vale onde evolui. Na outra margem, onde fica a grande parte da cidade, existem montanhas que abrigam vilas e no topo, Fiesole, uma cidade de origem etrusca com sítio arqueológico bem preservado, e uma das vistas mais impressionantes da região. Da Praça da Catedral de Fiesole é possível ver tanto Florença, quanto os bosques e colinas dos Apeninos, onde transcorreu a batalha contra o exército de Catilina.

Por sorte, do mesmo lado da Piazzale, não houve tempo para retirar as muralhas. Foram preservadas quase dois quilômetros de extensão, desde a base da colina da Piazzale, contornando o Forte di Belvedere até a extensão da penúltima ponte. Realmente, não havia necessidade em nenhuma hipótese de retirar a muralha nesta região, ou em qualquer outra parte da cidade. A Europa tem capacidade de se conter em suas cidades, ao contrário das cidades dos outros continentes. Algumas cidades da Itália estão quase despovoadas.

Restaram marcos dos locais onde ficavam as antigas portas da muralhas. Outra enorme fortaleza em formato de estrela também foi preservada e está situada próxima à Estação de Trem Santa Maria Novella. Apesar da reforma brutal no plano urbanístico, as edificações mais importantes foram preservadas. E, muito do traçado central, onde está o Duomo e o Palazzo Vecchio.

O Corredor Vasariano, túnel elevado que interliga o Palazzo Pitti ao Palazzo Vecchio ficou intacto.
Além da unificação, a cidade também sofreu na II Grande Guerra: das pontes, Hitler ordenou destruir todas, com exceção da Ponte Vecchio. Um dos muitos crimes que o Nazismo cometeu na Península Itálica. Além das pontes, os nazistas destruíram uma igreja com afrescos de Giotto em uma outra cidade da região.
Independente, Florença é uma cidade que caracteriza o Renascimento e é desta força que ela sobrevive a todas as perturbações. Hoje, a cidade possui um pouco mais de 300.000 habitantes. A administração preza que os habitantes morem nas áreas centrais.

Felizmente, Florença permaneceu como capital por apenas seis anos. De fato, havia uma noção generalizada que laborava por uma capital mais central. O objetivo era trazer a capital para Roma, que na época pertencia aos Estados Pontifícios. Um acordo com o Papa, Roma se tornou a capital da Itália e nasceu o Estado do Vaticano.

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José Alencar Galvão de França – Arquiteto