A cidade atingida pela praga, atravessada por hierarquia vigilância, observação, escrita; a cidade imobilizada pelo funcionamento de um poder extenso que exerce uma maneira distinta sobre todos os órgãos individuais – essa é a utopia da cidade perfeitamente governada. ( Michel Focoult – Discplina e Punição).
Hoje vivemos um momento de coisificação da política e, com isso a alienação vem tomando conta dos três poderes. O poder Legislativo quer ser Executivo, o Executivo quer ser Judiciário e o Judiciário quer Legislativo, Executivo pra julgar tudo dentro um único olhar que se impõe através dos juízes, promotores, desembargadores e grande parte dos funcionários do judiciário. Quando olho para tudo isso, volto na história e vejo nas lutas entre os povos uma repetição dos momentos mais sombrios que conduziram a humanidade durante a Idade Média, depois com a presença do absolutismo e poder de decisão do reis de vida e morte com aval da igreja católica da época. Agora é o que temos aqui no Brasil com a presença dos evangélicos na vida política e social do país, colocando de lado o que diz a Constituição sobre o Estado ser laico.
Não dá para continuar assim, mas as elites insistem que esse é o caminho, alimentando as fake news e a imprensa com um jornalismo feito na forma de artigo de opinião, controlado por redatores e chefes de redação escolhidos pelos donos poder. Essa manipulação dos meios de comunicação deixa se ampliar na medida em que as necessidades de poder avançam sobre a sociedade, mas há uma coisa que eles não permitem: a conscientização das massas sobre seus direitos. Isso fica muito claro quando se fala da distribuição de riquezas. Aí surge uma união de forças incrustada nos três poderes que se apoiam entre si, e então, permitir mudanças nesse meio não será uma pauta fácil. Cada um aponta para um lado, mas todos os lados indicam a mesma direção, o povo. A conta sempre vai pesar no bolso da massa porque o Judiciário está defendendo a sua classe e os grupos ao qual devem obediência, o Executivo quer reformar o Estado para agradar os legisladores que querem agradar os juízes que procuram agradar os donos do poder ou as instituições seculares que representam por origem de família ou a religião que professa, contribuindo com seus altares, ficando do outro lado da sociedade, mesmo que custe à verdade, o sacrifício de muitos.
Agora com o avanço do vírus Sars-Cov-2 em quase todos recantos do Planeta a discussão sobre o que vai mudar daqui para frente ou não depende da sociedade. Nunca vai haver mudança se as pessoas continuarem cultuando falsos líderes, validando governos autoritários que sempre colocaram o neoliberalismo na ponta das discussões, procurando validar o lucro e a ganância dos mercados expressa nas bolsas de valores enquanto a realidade vai se moldando em outros patamares, com as pessoas procurando se isolar para continuarem tendo um lugar ao sol. No meio de tudo isso há governantes preocupados com sua popularidade e, também como está o comportamento das empresas com o gráfico da morte. Isso choca alguns , mas agrada outros que lucram com o caos não se importando com os seres humanos, mas procurando falar de economia.
Se comportamento da economia vai bem ou vai mal não interessa para quem precisa das migalhas do Estado para sobreviver e, no entanto recebe algo cercado de um discurso proselitista de que manter o emprego salva mais vida do que preservar a saúde. É lógico, que saúde é mais importante do que emprego, e no entanto, o trabalho sem saúde , com trabalhadores morrendo como moscas só vai ser lucrativo para as bolsas de valores, para os fundos abutres, os especuladores financeiros internacionais que não trabalham , mas exploram o trabalho e quando financiam algo, pensam nos lucros futuros. A pergunta nesse momento é a quem vamos servir?
Hoje, se olharmos para sociedade do Antigo Regime – Ancien Regimen –, teremos o significado dessas atitudes absolutistas contra o povo e maneira bem objetiva e clara. Aí podemos colocar os três poderes em uma pirâmide dividida em três estados e mesmo assim, no meio de tanta exploração há no poder executivo necessidade de um quarto poder para afunilar, ainda mais o massacre contra as massas trabalhadoras que na hora de receber do estado algum benefício para enfrentar a dor recebe comentários absurdo sobre a sua falta de vontade. Esses donos do poder foram fabricado, lapidados e robotizados para servir o poder e suas instituições em tempos de paz ou de guerra. Por isso não interessa qual é a situação, interessa apenas o resultado de acordo com o que foi programado mesmo que saia ou entre ministros e, muito menos, se vai ou não vai servir aos discursos políticos ou as fake news do presidente ou da sua prole e seus seguidores mais eloquazes. Nada disso vale. Só vale a salvação do que está em jogo, o lucro e a volatilização dos capitais, local e global. Diante desse quadro o que não pode faltar é a ração lucrativa porque se isso vier a acorrer esvaziando no cocho do monstro, ele nunca vai pensar na fome alheia e, cego por si mesmo vai continuar agindo como se nada estivesse acontecendo destruindo seus serviçais taxando-os de obsoletos e ultrapassados. Nesse caso, só uma coisa viva nesse processo, o monstro. Tudo pode morrer, até o monstro desde que ele seja o último. A hora é agora, caso contrário o poço vai ficar mais fundo e as safadezas mais próximas do verdugo que até o momento tem usado um modus-operandi bem conhecido de todos, exceto os tolos, sem consciência que insistem em acreditar nesse processo.
No nosso caso é preciso mais do que uma Revolução Francesa, pois a burguesia sairia no lucro e colocaria o povo sob seu domínio total usando o argumento de que ordem deve ser mantida pelo Estado. Tudo que conquistamos até agora está sendo destruído por esse terceiro regime que nega tudo, até o direito de continuar vivendo das pessoas para que a economia seja protegida para o bem das elites que discordam do Estado pregando seu fim e, no entanto, na hora da crise procura ancorar-se no Estado sangrando o povo. Por isso é bom lembrar que história nos ensina que as epidemias são mais como momentos reveladores do que transformadores sociais e nos leva a para reflexão sobre os acontecimentos dando inúmeras lições que vão atravessar por muitas gerações.
Oswaldo Macedo