Está prevista a instalação de uma usina termelétrica na cidade de Caçapava, no Vale do Paraíba, município vizinho a São José dos Campos, onde está sediado o SindCT e diversos institutos federais cujos servidores públicos são representados pelo sindicato. Denominada UTE São Paulo, a usina funcionará a partir da queima de gás natural, uma fonte de energia não renovável, com capacidade para a geração de 1,74 GW, volume superior ao de qualquer outra unidade desse gênero em funcionamento na América Latina.
Desde o início, a diretoria do SindCT tem se posicionado contrária à instalação desse tipo de usina por diversos motivos que ressaltam os impactos negativos ambientais e sociais que ela trará para a região.
Projeto gigante, problemas maiores
A termelétrica em questão ocupará 26 hectares e, diariamente, queimará 7.739 Nm³ de gás natural, utilizando 1.404 m³ de água. Este consumo massivo de recursos não só é insustentável, mas também ameaça diretamente o ecossistema local e a qualidade de vida da população.
Geografia e clima desfavoráveis
O Vale do Paraíba, como o próprio nome sugere, é um vale cercado por regiões serranas, como a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira. Essa formação geológica, combinada com um regime de ventos fracos, dificulta a dispersão de poluentes atmosféricos. É como se a usina estivesse no fundo de uma “bacia”, aumentando a concentração de poluentes e tornando a situação ainda mais crítica.
Concorrência pelo uso da Água
Usinas termoelétricas são grandes consumidoras de água, essencial para o resfriamento das turbinas. No caso da UTE São Paulo, a água necessária seria retirada de poços artesianos e córregos da região, o que pode afetar o abastecimento de milhares de pessoas que dependem do aquífero subterrâneo, já em níveis decadentes.
Custo econômico elevado
O uso de termoelétricas em regime emergencial é altamente custoso, podendo ser de 5 a 10 vezes mais caro que a energia regular. Isso resultaria em um aumento significativo na conta de luz para os consumidores, estimado em até 156% quando essas usinas são acionadas.
Impactos na Saúde Pública
De acordo com um estudo da USP, um aumento de apenas 10% na emissão de poluentes pode, em 20 anos, resultar em 64.000 mortes prematuras, 65.000 novos casos de doenças crônicas e 37 milhões de faltas ao trabalho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que a degradação da qualidade do ar, causada por termoelétricas, pode resultar em até 7 milhões de mortes ao ano globalmente.
Emissões de gases de efeito estufa
Embora as térmicas a gás natural emitam menos gases estufa que aquelas movidas a carvão e óleo combustível, elas ainda são fontes significativas de NOx, CO e hidrocarbonetos, contribuindo para a mudança climática e a poluição atmosférica. Estes poluentes são extremamente prejudiciais à saúde humana e ao ecossistema, podendo causar problemas cardiovasculares, alguns tipos de câncer e crises respiratórias, principalmente em crianças e idosos.
Impacto ambiental na extração de combustíveis
A obtenção de gás natural e petróleo envolve atividades altamente impactantes, como perfuração, extração e transporte, que podem causar danos ambientais significativos. Vazamentos e outros acidentes podem resultar em contaminação das águas, solo e ecossistema, afetando a fauna e a flora locais.
Dependência de combustíveis fósseis
A instalação de usinas térmicas a gás e óleo diesel perpetua a dependência de combustíveis fósseis, recursos finitos e não renováveis. Esta dependência cria uma vulnerabilidade no suprimento de energia, além de estar sujeita às oscilações dos preços desses combustíveis.
A transição energética é a solução
A instalação da UTE São Paulo em Caçapava é um projeto que traz mais problemas do que soluções para o Vale do Paraíba. Em vez de investir em fontes de energia não renováveis e poluentes, a alternativa viável e sustentável é a transição para energia limpa, proveniente de fontes renováveis como biomassa, solar e eólica. Apenas assim poderemos garantir um futuro mais saudável e sustentável para a nossa região.
(Sindicato Nacional dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial – SindCT)
Crédito de carbono solução para preservação ambiental no Vale do Paraíba
O Vale do Paraíba paulista, conhecido por suas belezas naturais e localização geográfica única, enfrenta desafios ambientais específicos que demandam soluções inovadoras e eficazes. Situada entre a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, a região se beneficia de uma pequena cordilheira que impacta significativamente o clima local. No entanto, essa configuração geográfica, aliada a uma alta densidade demográfica, torna essencial a adoção de medidas robustas para a preservação do meio ambiente. Uma dessas medidas é o pagamento do crédito de carbono, um mecanismo que vem ganhando destaque mundial como ferramenta de mitigação das mudanças climáticas.
O que é o crédito de carbono?
O crédito de carbono é uma espécie de “moeda ambiental” que representa a redução de uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) ou de gases de efeito estufa equivalentes. Empresas e indústrias que emitem grandes quantidades desses gases podem comprar créditos de carbono para compensar suas emissões, financiando projetos de preservação ambiental e tecnologias limpas em outras regiões.
A situação do Vale do Paraíba
A região metropolitana do Vale do Paraíba não comporta a instalação de indústrias com alto índice de poluição atmosférica. A população local já enfrenta problemas climáticos significativos devido à baixa pressão atmosférica e aos impactos causados pelas serras, o que torna a qualidade do ar uma preocupação constante. Nesse contexto, o crédito de carbono surge como uma ferramenta essencial para a preservação ambiental da região.
Benefícios do crédito de carbono para o Vale do Paraíba
1. Preservação da qualidade do ar: Ao comprar créditos de carbono, indústrias de outras regiões podem financiar projetos de reflorestamento e preservação ambiental no Vale do Paraíba. Isso ajudaria a manter a qualidade do ar e reduzir os impactos das mudanças climáticas locais.
2. Incentivo à sustentabilidade: A venda de créditos de carbono pode gerar recursos para investir em tecnologias limpas e práticas agrícolas sustentáveis. Isso promove um desenvolvimento econômico que respeita o meio ambiente, tornando a região um exemplo de sustentabilidade.
3. Educação ambiental: A adoção e promoção do crédito de carbono podem aumentar a conscientização da população local sobre a importância da preservação ambiental. Isso encoraja ações individuais e coletivas que contribuem para a sustentabilidade.
4. Atração de projetos verdes: Com um mercado ativo de crédito de carbono, a região pode se tornar um polo de projetos ambientais inovadores. Isso atrai investimentos e tecnologias que beneficiam tanto o meio ambiente quanto a economia local.
Desafios e considerações
Apesar dos benefícios, é crucial reconhecer que a prática do crédito de carbono, embora importante, pode ser insuficiente para resolver todos os problemas ambientais do Vale do Paraíba. A região precisa de investimentos locais diretos em sustentabilidade e infraestrutura verde. A compensação de carbono em regiões distantes pode não trazer os benefícios imediatos necessários para mitigar os impactos ambientais locais, especialmente devido à alta densidade demográfica e à necessidade urgente de preservação dos recursos hídricos.
Diante disso, é essencial que autoridades locais, empresas e a população trabalhem juntos para promover e programar práticas sustentáveis, como o crédito de carbono, e ao mesmo tempo evitar a instalação de indústrias altamente poluentes na região. Essa colaboração pode transformar o Vale do Paraíba em um exemplo de desenvolvimento sustentável e preservação ambiental, garantindo um futuro mais saudável e equilibrado para seus moradores e para as gerações futuras. A preservação do meio ambiente é uma responsabilidade coletiva, e o crédito de carbono é uma ferramenta valiosa nesse esforço contínuo. (Texto: Oswaldo Macedo)
A maior termelétrica a metano da América Latina
Projeto: errado! Local: errado! Momento: errado!
PROJETO ERRADO – O gigantismo da Termelétrica Caçapava/Taubaté, que:
Pretende gerar 1740 MW de energia elétrica:
Queimando 8,5 milhões de m3 de metano/dia, Liberando, por dia:
Mais de 10 milhões de m3 de CO2; 17.059.385 m3 de vapor de água muito quente;
425 kg de NO2 (dióxido de Nitrogênio) – poluente terrível; 552,5 kg de CO (monóxido de Carbono) – gás asfixiante;
LOCAL ERRADO – pelas razões a seguir
A altitude de Caçapava: 560 m – com perda de eficiência de 6%; A conhecida escassez de água de Caçapava – refrigeração a ar das turbinas (perda de 5%); Outorga pelo DAEE apenas do Córrego do Caetano, a água pouca e que ninguém quer:
Duas de três turbinas em ciclo combinado e uma em ciclo simples (perda de 20%)
Sobre área de recarga do Aquífero Taubaté, essencial para o Vale; Próximo ao centro da reta que passa pelos centros de Caçapava e Taubaté (500.000 pessoas); Na base plana da estreita Bacia aérea entre Mantiqueira e Serra do Mar, de pouco vento; Operando máquinas auxiliares a óleo Diesel (poluem ar, água e solo); Lançando efluentes no Ribeirão Caçapava Velha, que logo depois deságua no Paraíba do Sul; Impactando o trânsito da SP-062, principalmente na construção; Impactando a Saúde, as Escolas, as Moradias e a Segurança durante a obra (2000 operários).
MOMENTO ERRADO – pelas razões a seguir
A crise climática mantém de joelhos nossos irmãos gaúchos; Põe em risco nossos esforços sobre nascentes, rios, árvores, ar, saúde, temperatura; Gera energia mais cara, desnecessária e poluente, projeto e lugar errado: indefensável?
Em 2024 fontes renováveis geram mais de 90% da energia elétrica, sem emitir CO2 . GN tem espaço nas cozinhas, na indústria, e no transporte porque polui menos que gasolina e Diesel. Mas pede
motores mais eficientes (menos CO2) e baixos NO2 , CO e O3. Saem o benzeno, mp2,5 e SO2. (CO2: emissão de 10.210.200 m3 de CO2/dia. Com 2 turbinas em ciclo combinado: 6.806.800 dia. Diluído a 10.000 ppm – ar ruim – enche um cilindro de 100 m de altura e 1.472 m de raio. Em 10 dias de inversão térmica 4.650 m de raio. A 0,1% norma ANVISA para ar condicionado, o raio passa para 14.700 m. CO2 acima de 4% mata por asfixia. Valores bem mais baixos já causam desconforto e nosso desempenho cai muito. Por ser mais pesado que o ar ele desce. No ciclo combinado os gases saem a 80 graus. Nao têm energia para subir. É imprescindível rejeitar esse trambolho). por: Vilmar Pedro Votre; Olívia Mendes Costa; Oscarina Teodora Prado Silva Santana
Posicionamento Natural Energia – Diário de Taubaté
A Natural Energia, idealizadora da futura Usina da Transição Energética São Paulo, esclarece alguns pontos trazidos pela reportagem publicada no Diário de Taubaté. As informações contribuem para a difusão de dados corretos para a população do Vale do Paraíba.
Em sua trajetória, a companhia pauta sua conduta pela ética, pela legalidade e pelo desenvolvimento nas regiões onde atua e que tem na verdade, um valor fundamental.
Por essa razão, a companhia busca evidenciar sua posição diante dos seguintes pontos:
° A usina irá operar com gás natural produzido tanto nos campos de exploração da Bacia de Campos, da Bacia de Santos quanto com o combustível importado pelo Brasil da Bolívia, pelo chamado Gasbol. O gás natural é um combustível largamente utilizado no Brasil e é uma excelente alternativa para a geração de energia em termelétricas, por substituir, com vantagens, combustíveis mais nocivos do ponto de vista ambiental, como o carvão e o óleo combustível. Para o projeto de térmica que terá a função de garantir a segurança do abastecimento elétrico do país é, sem dúvida, a melhor opção no Brasil.
° É falta a informação que a Usina de Transição Energética São Paulo irá emitir 13,8% das emissões de CO2 do setor elétrico brasileiro. Os estudos mostram que as emissões geradas pelo projeto não são suficientes para gerar acúmulo de gases na região, serão dispersados pelas correntes de vento. Além disso, o setor elétrico brasileiro é um exemplo de eficiência e baixa emissão. Dados do Ministério de Ciência e Tecnologia mostram que as emissões do setor caíram em 2023, conforme reportagem publicada recentemente pelo jornal Folha de S.Paulo (https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2024/02/setor-eletrico-brasileiro-tem-menor-indice-de-emissoes-de-co2-desde-2011.shtml).
° Todos os estudos apontam que os volumes de emissões da Usina da Transição Energética São Paulo estão abaixo dos parâmetros exigidos pelas normas brasileiras. Além disso, o projeto prevê a implantação de uma estação de monitoramento da qualidade do ar, o que garantirá uma gestão mais eficiente das condições atmosféricas. Cabe lembrar que atualmente Caçapava não conta com nenhuma estação desse tipo.
° A Usina de Transição Energética São Paulo passa neste momento pelo licenciamento ambiental, conforme determina a legislação brasileira. Será a oportunidade para a Natural Energia apresentar o projeto da usina para os moradores de Caçapava, de São José dos Campos e de toda a região do Vale do Paraíba. As informações deverão esclarecer as dúvidas e eliminar as informações equivocadas sobre o empreendimento. Será também a oportunidade de mostrar os benefícios que serão gerados pelo projeto, como a criação de empregos e a compra de bens e serviços locais, o que será um estímulo à região. O investimento total no projeto será de R$ 5 bilhões, uma parte desses recursos irão ser gastos na região.
° O projeto possui a autorização do DAEE para o uso da água. O órgão responsável pela gestão das águas em São Paulo analisou o projeto e concluiu que há recursos hídricos suficientes para o abastecimento do projeto sem qualquer risco para quaisquer outros usos. O projeto conta com tecnologia de ponta, com resfriamento a ar, o que reduz significativa o consumo de água, fazendo com que a UTE São Paulo não fique nem entre os 10 maiores consumidores de água do Vale do Paraíba. Entre as usinas térmicas em operação hoje no Brasil, a UTE São Paulo será uma das que menos vai consumir água por conta do uso da tecnologia de resfriamento a ar. Outro aspecto importante é que a prioridade é e continuará a ser o consumo humano e de animais em caso de haver severa escassez.
° O sistema elétrico brasileiro tem uma matriz extremamente limpa com forte presença das renováveis. Para atender novos consumidores que virão com a eletrificação dos produtos e serviços, inclusive do transporte, será necessária a continua expansão do setor. Essa expansão precisa garantir o suprimento de energia para uma sociedade cada vez mais eletrificada. Para que fontes intermitentes como eólica e solar possam continuar crescendo, é necessária tambem a contratação de fontes que podem gerar sempre que necessário, trazendo segurança energética para o sistema. Nesse cenário o gás natural se apresenta como a melhor alternativa quando analisamos impacto ambiental, rapidez para entrada em operação e capacidade de armazenamento. Essa estrutura que combina renováveis com térmicas a gás natural flexíveis será a chave para garantir que o sistema brasileiro continue tendo uma matriz limpa e confiável.
° É falsa a informação que a qualidade da água será comprometida com a Usina. Pelo contrário. A água que será devolvida após o uso na usina terá melhor qualidade do que a água que é retirada do Córrego Caetano. Hoje, conforme análises feitas no corpo d’água, o recurso hídrico não atende à resolução Conama em relação à qualidade prevista na legislação. A água que será devolvida ao rio, por outro lado, estará dentro das normas da Resolução Conama.
A Usina da Transição Energética São Paulo reforça que mantém um diálogo aberto e transparente com as comunidades onde atua e disponibiliza canais oficiais de comunicação para a manutenção do relacionamento com a sociedade.