O Vale do Paraíba, um lugar repleto de histórias e lendas que se desenrolam nas entranhas da terra, é um cenário que, ao longo dos séculos, viu sua paisagem ser moldada pelas pegadas dos exploradores, pelas trilhas indígenas e pelas concessões de terras. Este é um lugar onde as raízes históricas correm profundamente, onde o passado se funde com o presente, e onde as cicatrizes do tempo são lembranças constantes da incrível jornada que moldou a região.
Comecemos nossa viagem no túnel do tempo, lá pelo ano de 1628. Era nessa época que o Vale do Paraíba começava a ser povoado, especialmente na região que mais tarde seria chamada de Facão. As trilhas indígenas já marcavam o caminho, serpenteando a serra acima e apontando o caminho para a aventura que se desenrolaria. Essas trilhas, traçadas pelos nativos, eram como as veias de um organismo vivo, pulsando com a energia da terra e carregando a memória ancestral.
E o que dizer de Martim Correia de Sá, filho do governador Salvador de Sá do Rio de Janeiro, que nos anos de 1596-1597, trilhou esses mesmos caminhos com um propósito audacioso: guerrear os índios Tamoios e encontrar a lendária serra de Sabarabuçú, que prometia riquezas incalculáveis. Ele foi apenas um dos pioneiros a explorar essas trilhas, deixando sua marca na história do Vale do Paraíba.
A medida que o tempo avançava, a penetração do mar em direção à serra acima continuava, graças às trilhas indígenas e às trilhas abertas pelos primeiros povoadores. O destino dessas trilhas era o povoamento nas terras da Condessa de Vímieiro, um nome que ecoa com um certo ar de nobreza nas terras do Vale. O contato com o desconhecido, as paisagens majestosas e as riquezas naturais fizeram com que essa região se tornasse o epicentro de uma aventura épica.
Antes mesmo da concessão de sesmaria a Domingos Velho Cabral, entre 1647 e 1650, a comunicação entre Paraty, a região do Facão e a Vila de Taubaté, estabelecida em 1645, já estava em condições razoáveis. O Vale do Paraíba era uma terra em crescimento, onde o intercâmbio de pessoas e ideias começava a transformar a paisagem.
Com a concessão de terras a Domingos Velho Cabral, que se estendiam da Borda do Campo até a Boa Vista e eram adjacentes a uma trilha direta entre Paraty e Taubaté, o povoamento da região do Facão ganhou impulso. A terra se tornou um bem precioso, e o Vale do Paraíba encontrou sua vocação.
Foi a partir de 1695, durante a corrida do ouro, que a região do Facão se consolidou ainda mais.
A ligação através do Caminho do Ouro, que unia Paraty a Taubaté, passando por Facão e posteriormente por Guaratinguetá a partir de 1717, transformou a região. As diversas trilhas e caminhos se cruzavam, formando uma teia que atraía muitos colonos em busca de oportunidades e riquezas.
Hoje, o Vale do Paraíba é um testemunho vivo da história, onde as trilhas do passado se cruzam com o presente, formando um mosaico de culturas e paisagens. A região é um lembrete constante de como a exploração, a coragem e a busca pelo desconhecido moldaram nossa história. O Vale do Paraíba nos convida a seguir suas trilhas, a descobrir os segredos que guarda e a celebrar a riqueza de sua herança histórica. Porque, afinal, o passado é a trilha que nos conduz ao futuro, e o Vale do Paraíba é um lugar onde essas trilhas se encontram.
por Oswaldo Macedo