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quarta-feira 25 dezembro 2024
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Giramundo – 112 anos de nascimento de João Guimarães Rosa

Ao falar de Guimarães Rosa reviramos os cantos da memória indo de uma margem à outra sem deixar o remo n’água e aproveitando o movimento de proa para manter-se livre do enrosco das torrentes sinápticas do rio. É com esses mistérios que lidamos quando decidimos ler as obras de Guimarães Rosa. O desafio é sempre maior do que pode ver, trás novos sujeitos, se recria nas próprias histórias ressignificando o futuro sem nenhuma forma nova, principalmente no aspecto geográfico e no que tange seus personagens em uma intricada soma de valores contidas entre os homens que habitavam o sertão.
A melhor ideia para representar as suas indagações é buscar fluidez nas vertentes, nas veredas, nas serras e, principalmente no cotidiano do povo sertanejo que sabe as diferenças entre cada lugar e suas dificuldades. È dentro desse contexto sociopolítico, histórico, antropológico, geográfico e matematicamente calculado que os textos de Guimarães Rosa se revelam mostrando a verdadeira casa do sertanejo. Suas espertezas se caracterizam através de conceitos construídos pelo autor e suas influências literárias avivadas no cotidiano dos vaqueiros e suas histórias na região.
Quando procuramos caminhos no universo leitor há inúmeras possibilidades deixadas nas entrelinhas de cada conto ou livro do escritor. A estrutura médica e diplomática não pode ser desconsiderada da obra, principalmente, sobre a vida do sertão e, então cada um pode ter a vida que quiser mesmo que seja de jagunço é preciso ter liderança e coragem ou buscar caminhos para manter-se forte. A força de Riobaldo expressa a sua luta entre os jagunços e a vingança de Reinaldo pela morte de Joca Ramiro, o pai de Diadorim. A trama faz uma verdadeira simbiose ao reconstruir as mazelas do sertão e recoloca a liderança a prova e, com isso Riobaldo vai à busca de uma liderança que sai do homem e põe no sobre natural suas conquistas oportunizando novos enfrentamentos, agora como urutu branco, aquele que encontrou com o Demo para vencer Hermógenes e seu bando. Mesmo assim Diadorim acaba se sucumbindo, deixando para Riobaldo a dúvida de não ter vivido um grande amor que paira sobre sua liderança que nunca fora capaz de protegê-la do confronto entre os jagunços não se revelando o que é?
Mas como o sertão é um mundo que está dentro da gente, as feridas vão sendo curadas pelo tempo e suas histórias que sofrem com as diferenças entre um verdadeiro ir e vir são sempre um ponto de retomada. Nada é por acaso, tudo tem seu lugar verdadeiro, suas poesias e sua natureza diante de cada ser vivente. Os conflitos, os jagunços, os lugares inóspitos, as travessias, as veredas e povo do lugar aparecem como uma verdadeira condição fáustica do próprio lugar relacionado na obra do escritor Mineiro Guimarães Rosa que nascera no dia 27 de junho de 1908.