Gilberto Freyre construiu uma interpretação original na época ao considerar a contribuição africana como um fator cultural importante, embora secundário, à formação de nossa nacionalidade. Para isso,em seu livro clássico, Casa-Grande e senzala (1936),analisou a mestiçagem como um valor positivo. Isso porque, para o autor, ela teria propiciado a miscigenação generalizada das três “raças” fundadoras da nacionalidade (negra, indígena e branca) e, consequentemente, a construção de uma sociedade culturalmente sincrética, em que cada etnia (português, nagôs, tupis etc) teria uma contribuição qualitativamente diferente.
Uma diferença que se basearia, para Freyre, na centralidade do português como responsável pela adaptação da civilização européia aos trópicos, através da assimilação da cultura indígena e da africana na formação nacional.
No que concerne aos estudos sobre os africanos no Brasil, a década de 30 vê ainda o surgimento de outro importante estudioso: o psicólogo e antropólogo baiano Arthur Ramos. Idealizador da Escola Nina Rodrigues, Ramos reuniu intelectuais baianos emigrados para o Rio de Janeiro, nas décadas de 20-30, que pretendiam divulgar trabalhos sobre a temática étnico-racial da perspectiva antropológica. Entre eles, Edison Carneiro, Afrânio Peixoto e outros. Sob sua coordenação, este grupo promoveu a realização do II Congresso Afro-Brasileiro na Bahia, em 1939.
Gilberto Freyre e os estudos africanos
ago 23, 2019Bruno FonsecaLiteratura em gotasComentários desativados em Gilberto Freyre e os estudos africanosLike
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