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sábado 30 novembro 2024
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Filho racional ou irracional: a escolha é nossa!

• Rogério Miguez
Conforme ensina a Doutrina espírita, a família é a unidade fundamental em todas as sociedades. Elemento básico do organismo social, quando adoece, a sociedade responde em desequilíbrio. Para bem cumprir a função designada por Deus, de modo a estar corretamente ajustada aos seus propósitos, há três objetivos básicos a atender: desenvolvimento do amor entre os cônjuges; manutenção da perpetuidade da espécie; promoção da educação dos filhos. Focalizaremos os dois últimos.
É fato estarem as famílias limitando o número de filhos, as numerosas proles, atualmente, são uma raridade. Os casais modernos têm optado por poucos ou mesmo nenhum filho.
Entretanto, como se esta limitação da prole não bastasse, de uns tempos para cá, observa-se uma particular inclinação na sociedade, qual seja, a de se criar um animal de estimação, em lugar de um filho, animal este mais conhecido pela correspondente palavra inglesa: “pet”.
Estatísticas recentes já acusam a existência de um número maior de animais de estimação do que de “filhos humanos”, sim, para muitos, o seu “pet” é equivalente a um “filho humano”.
Há um universo comercial crescendo vertiginosamente contemplando: lojas especializadas em alimentos e singularíssimo vestuário; mil variedades de brinquedos, afinal são “crianças”; SPAs, para os mais comilões, como se a responsabilidade pela obesidade dos animais fossem deles; já se fala em psicólogos para os animaizinhos; clubes; hotéis dedicados; festas especializadas para o aniversário dos “filhos” de quatro patas, com direito a bolo e decoração, como se o animal pudesse distinguir a diferença e valorizar a decoração do ambiente, desconhecemos aonde estas modernidades irão desaguar. Ah, é fato, já se pintam as unhas dos gatos.
A indústria voltada a atender as “necessidades” dos pets, ou seriam dos donos!?, – movimenta bilhões de reais por ano, enquanto crianças humanas morrem de desnutrição a cada segundo, não sensibilizando os proprietários destas “crianças” irracionais, que não medem esforços para agradá-las como se humanos fossem.
Os irracionais, também obra de Deus, evoluem até atingir o grau de humanização, para, em seguida, atingir a angelitude, meta fatal a nos aguardar. Entretanto, esta verdade não deve ser entendida ou usada para idolatrar os animais irracionais, tampouco, para colocá-los em posição de destaque em detrimento dos racionais.
Hoje há milhões de crianças “humanas” necessitadas de: educação, alimentação, moradia, saúde, higiene, atenção, e finalmente amor, não sendo estas atendidas por diversas razões, contudo, uma delas, certamente, pelo costume de se “adotar” um irracional como “filho” relegando o racional à própria sorte.
Este entendimento e rotina de como tratar e ver os irracionais, se continuados, poderão nos levar a uma situação de grande risco no futuro, ensinando aos jovens pelo exemplo, ser preferível ter filhos irracionais, no lugar de racionais, no futuro, após desencarnarmos, no momento em que estivermos para retomar uma nova existência carnal, será bem mais difícil o retorno, pois, os jovens de agora, adultos do futuro, não desejarão filhos racionais, apenas irracionais, visto serem estes últimos mais fáceis de “educar”.
Não há dúvida ser necessário zelar pelos irracionais, “irmãos” nossos em evolução e nada temos contra as valorosas e indispensáveis organizações dedicadas à causa animal, visto que, nós, os humanos racionais, nem sempre cuidamos dos irracionais como deveriam ser cuidados, entretanto, a situação moderna nos traz alguma apreensão.
Igualmente, nada temos contra aqueles que adotaram “pets”, estes, por exemplo, agregam muitos benefícios ao desenvolvimento das crianças, claro, desde que estas existam na família, entretanto, parece-nos ser a conduta atual um tanto distante do razoável, do equilíbrio e da racionalidade, tudo indica, haver carência de bom senso, nos obrigando a, no mínimo, repensar esta tendência contemporânea.