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sexta-feira 29 novembro 2024
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Fechamento da Ford pode impactar 118 mil empregos no Brasil

O encerramento da produção da Ford no Brasil terá reflexos que vão além da demissão dos 5 mil trabalhadores e trabalhadoras da empresa. Segundo um estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a decisão da montadora pode causar um efeito dominó e impactar até 118,8 mil postos de trabalho no país.

O número representa trabalhadores diretos, indiretos e os empregos induzidos em setores como comércio e serviços. O estudo aponta ainda que o impacto sobre a renda dos trabalhadores na cadeia expandida da Ford atinge R$ 2,5 bilhões.

Considerando os números gerais, cada emprego na Ford tem impacto total em 23,7 outros postos de trabalho. O Dieese fez o levantamento com base na matriz de insumo-produto, índice do IBGE que é uma espécie de “fotografia” dos fluxos da economia nacional.

A pesquisa do Dieese mostrou também que a arrecadação de tributos sofrerá uma queda estimada em R$ 3 bilhões, considerando a razão de que a cada R$ 1 gasto na indústria automobilística é acrescentado R$ 1,4 no valor adicionado da economia.

Taubaté

Os impactos na economia de Taubaté também foram estudados pelo Dieese. Em 2020, os trabalhadores da Ford injetaram na economia da cidade R$ 93,7 milhões, entre salários, PLR e abono. O valor corresponde a 11% do montante total injetado pelos trabalhadores representados pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau).

Outro dado do estudo mostra que Taubaté passa por um processo de desindustrialização. Em 2009, a participação da indústria foi de 55% e do setor de serviços 37,3% na geração de riquezas no município. O último levantamento, de 2018, indicou que, em menos de dez anos, essa participação passou a ser de 42,3% e 48,6%, respectivamente.

A pesquisa do Dieese aponta ainda como fator de preocupação a disparidade dos valores pagos em cada um dos setores. Enquanto a remuneração média da indústria no município foi de R$ 4.262, no setor de serviços foi de R$ 2.094.

“Seguindo este caminho, o Vale voltará para o café e leite para comprar carros que antes produzíamos”, afirma a economista Renata Belzunces, da Unidade de Atendimento Local (UAL) do Dieese, responsável pelo levantamento.

O estudo também alerta que as demissões terão, como reflexo, mais famílias buscando atendimento nos setores de saúde e educação pública. Isso porque, sem os postos de trabalho, cessam os convênios médicos e não há renda para pagamento de escolas particulares.

Para o presidente do Sindmetau, Cláudio Batista, o Claudião, a possibilidade de demissão em massa na Ford é mais um ataque aos trabalhadores brasileiros, principalmente neste momento de pandemia. “Por isso, a necessidade do Sindicato lutar até o fim pela preservação do emprego e pela manutenção da Ford em Taubaté. Estamos mobilizados para fazer o enfrentamento necessário e evitar uma tragédia dessas.”