As pessoas ambiciosas e egoístas não perdem as suas vidas de uma só vez, mas em pequenas renúncias aos seus verdadeiros eus por eus contrafeitos, de maneira a obter uma qualquer vantagem percebida. Com o tempo, tornam-se falsos eus, como as celebridades criadas por um publicitário, ou como políticos revestidos de máscaras criadas a partir de sondagens e de votos ganhos à custa de uma linguagem dúplice.
Não é para admirar que algumas figuras públicas lutem a todo o custo para permanecerem agarradas aos seus cargos, porque sem as suas estratégias enganadoras torna-se-iam como o solitário e temeroso “Nowhere man” dos Beatles:
“Ele é um verdadeiro homem de lugar nenhum. Sentado na sua terra de lugar nenhum. A fazer todos os seus planos de lugar nenhum para ninguém”.
Todos somos capazes desta transformação, e é por isso que não podemos nos negociar para ganhar o que passa por sucesso, importância e poder.
O paradoxo de perder para ganhar: a grandeza vem da humildade, o primeiro será o último etc.
Ao perdermo-nos a nós próprios nos outros, tornamo-nos em quem somos supostos sermos, imagens de Deus. Quem é que ainda não entreviu esta realidade? Um único ato de genuíno amor vale o mundo inteiro. Não há maior amor do que dar a sua vida por outra.
Por outro lado, um ato de traição, desonestidade, violência ou ódio afasta-nos não só do mundo, mas de nós mesmos. Nunca mais poderemos voltar para casa, encontrar paz e auto-aceitação até consertarmos o que está errado e restaurarmos esta intimíssima ligação com Deus, conosco mesmos e com o próximo.
Ninguém encontra a sua vida de uma só vez, mas nos momentos do dia-a-dia do abandono de si por amor, essas pequenas cortesias que gradualmente nos formam.
Tomar a cruz de quem somos é como nos tornamos nos nossos verdadeiros eus, úteis na comunidade, disponíveis para o serviço. Se fizermos isso, encontraremos a nós próprios e o sentido de nossas vidas. O caminho é longo… porém vale a pena!
Prof. José Pereira da Silva