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quinta-feira 26 dezembro 2024
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Fé e Razão – Papa Bento XVI: cooperador da verdade e mestre da fé

O falecimento do Papa Bento XVI trouxe a tona toda sua importância para a história contemporânea da Igreja. Considerado o maior teólogo da história contemporânea. Dotado de grande zelo pastoral, inteligência aguçada, humildade de coração, profundamente culto. Teólogo de grande envergadura, intelectual brilhante com capacidade de estabelecer um diálogo superior com os maiores filósofos contemporâneos, como por exemplo, com Jurgen Habermas.

Dedicou sua vida ao anúncio do Evangelho e a Verdade. Amou Cristo até o último suspiro quando disse: “Senhor, eu te amo”.
O que transparece nas três encíclicas que escreveu: Deus caritas est, Spe salvi, Caritas in veritate e nos seus três livros sobre Jesus de Nazaré.

Dotado de grande coragem, em sua crítica a ditadura do relativismo, ao propor uma fé racional, no diálogo com todos, mesmo com os não crentes.

Desde cedo teve a consciência de que desejava ser sacerdote. Depois se ser ordenado sacerdote dedicou-se aos estudos de filosofia e teologia na Universidade de Munique e na Escola Superior de Filosofia e Teologia de Frisinga.
Em 1953 recebe a aprovação da sua tese de doutorado com o título: Povo e Casa de Deus na Doutrina da Igreja de Santo Agostinho e quatro anos depois obtém a habilitação para a docência.
Tornou-se consultor teológico do arcebispo de Colônia, Joseph Frings e participa no Concílio Vaticano II (1962-1965) na qualidade de perito.

Escreveu várias obras, entre as quais citamos Introdução ao Cristianismo(1968), Dogma e pregação (1973) e Sal da terra (1996).

As publicações de Joseph Ratzinger (Papa bento XVI) atingem 600 títulos. Alguns dos seus livros tiveram recordes de venda como o livro Jesus de Nazaré.

O Papa Bento XVI em seu trabalho abriu novas perspectivas à relação do discurso católico com a modernidade. Soube questionar com propriedade os exageros do otimismo racionalista do século XX. O predomínio da razão técnica sobre princípios da dignidade humana.

Papa Bento XVI com grande equilíbrio questionou os exageros do racionalismo porém jamais defendeu ou cedeu ao irracionalismo acrítico e perigoso.

Papa eleito na Era da Informação jamais se sujeitou a comunicação massificante. Tinha perfeita noção do essencial que não pode ser perdido. Nunca cedeu a uma fé puramente sensitiva que viesse a deturpar o encontro pessoal com Cristo. Papa de inteligência solidária que soube entender e dialogar com as contradições de nossa época.

Soube desbravar novas dimensões do diálogo estético e ético, entendo a importância da arte na relação com Deus. Compreendendo a importância da experiência contemplativa na fruição estética. A busco do belo e da verdade. Fugindo de uma arte que cede à frivolidade.

O Papa Bento XVI teve que enfrentar diversas crises na Igreja e no mundo. O cardeal Ratzinger foi a alma teológica do pontificado do Papa São João Paulo II. Realizou importantes reformas litúrgica e teológica.

Como teólogo Bento XVI tinha clara consciência da obra de Deus na Igreja e no mundo. Durante seu pontificado nunca desejou impor ao contrário convencer pelo diálogo e argumentação. O seu pontificado não pode ser analisado com definições rígidas. A sua renúncia ao pontificado significou grande humildade e grande amor à Igreja. Numa época em que muitos tem apego ao poder e aos holofotes sua renúncia demonstrou que existe valores essenciais e mais profundos.

Certa vez disse: “ Sempre soube que, naquela barca (Igreja), está o Senhor; e sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não é nossa, mas é d’Ele. E o Senhor não a deixa afundar”.
Os livros que escreveu e seus discursos terão sempre atualidade pois toca temas centrais da vida de fé e das pessoas em geral, usando linguagem simples, tinha capacidade de ir ao centro das questões sem jamais cair na banalização. Dialogou com as diversas perspectivas culturais.

Toda sua atividade teológica e pastoral demonstra a importância da formação teológica ou de forma geral do aprofundamento e vivência da fé cristã. É fundamental ser, conhecer e amar.

Suas palavras fundamentadas são marcadas por grande honestidade. Prestou grande serviço à comunidade cristã e à comunidade humana. Colocou a serviço da Igreja e humanidade os talentos que Deus lhe deu e ele desenvolveu.
Conseguiu diálogos importantes com todo mundo, cristãos e não cristãos, agnósticos e ateus. Fez o diálogo fé e razão de forma límpida. Deixou claro que existe e não pode ser esquecido a hierarquia de valores sem a qual perde-se o fundamental e essencial à vida. O Papa Bento XVI teve reflexões inovadoras e criativas. Sem dúvida pode ser chamado de novo Doutor da Igreja!

Prof. José Pereira da Silva