A oração silenciosa pode Sr vivida em grupo, mas a sua prática cotidiana é, a maior parte das vezes, solitária. É facilitada por uma aplicação estável na vida cotidiana: um lugar,um horário, uma posição, um pequeno ritual pessoal que marque o início e o fim desse momento consagrado a Deus. O essencial é encontrar o lugar que favoreça e calma e a oração. Não se trata de um lugar onde Deus está mais presente do que nos outros, mas de um lugar que nos ajude.
Assim se expressava Mestre Eckhart: “Que uma pessoa vá para os campos, faça aí a sua oração e conheça Deus, ou fique na igreja e aí conheça Deus: se conhece melhor a Deus por estar num lugar tranqüilo, como esse tipo de lugar costuma ser, a causa reside na sua fraqueza, e não em Deus, pois Deus é o mesmo em todas as coisas e em todos os lugares”.
Cada um poderá encontrar a forma de arranjar esse lugar de oração. O santuário onde Deus que ser adorado , diz Jesus à Samaritana, é o coração do homem. Embora as condições materiais possam favorecer o recolhimento, devem ser adaptadas a cada um e nunca se devem tornar indispensáveis: deveríamos ser capazes de adorar a Deus em espírito e em verdade em qualquer lugar.
Quando uma pessoa decide rezar apenas quando lhe apetece ou quando tem tempo, não rezará muitas vezes. Além disso, tal atitude coloca o próprio desejo na origem da oração.
A oração é um encontro marcado com Deus, que constitui prioridade. Porém, se dia após dia optarmos por nos mantermos fiéis àquilo que decidimos fazer – quer dizer, a não fazer nada, estando apenas com Deus e para Deus, durante algum tempo-, exprimimos e mostramos a nós mesmos que esse tempo consagrado a Deus é a coisa mais importante.
Os momentos da vida que uma pessoa consagra a oração constituem a oferenda mais elevada que é capaz de fazer a Deus.
A fidelidade também se apoia no tempo consagrado diariamente à oração. Se esse tempo de oração for um tempo de pausa na presença de Deus, devemos ter tempo para saborear o tempo que passa, ruptura com o ritmo do resto do dia.
A oração é uma imersão, um mergulho em Deus e em nossa interioridade. A oração nos afunda no vasto interior de nós mesmos. Rezar é ser. O essencial é que a oração não seja um mero falar, mas um falar-se, um falar-se confiante.
Aprece por mais simples que seja se inscreve no dinamismo de uma relação. A oração reside onde quer que haja qualquer pessoa que esteja com fome, que chore, que lute, que sofre e se pergunta por que isso está acontecendo, e a fé é um hábito de botar para fora.
A oração nos coloca diante da questão : Uma só coisa é necessária. Ter a sabedoria de perguntar qual é a coisa necessária e concentrar aí a nossa inteligência, o nosso labor e o nosso coração.
A oração cristã não é uma viagem ao fundo de si mesmo.Não é um movimento introspectivo. Não é uma diagnose dos nossos pensamentos e moções externas ou íntimas. A oração ´s ser e estar diante de Deus, colocar-se por inteiro e continuamente diante da sua presença, que nos convida a um diálogo sem censuras. Não é oferecer a deus alguns pensamentos, mas entregar-lhe todos os pensamentos, tudo o que somos e experimentamos.
A oração é uma conversão de atitude, porque descentra-se de nós mesmos – das nossas preocupações, dos nossos desejos egóticos – e orienta-nos para Deus, de modo que tudo que passamos a desejar é a vontade de Deus.
Rezar é expor-se a Deus, sem máscaras, nem véus, nem falsas virtudes. É expor tudo.
Prof. José Pereira da Silva