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sexta-feira 15 novembro 2024
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Fé e Razão – O tempo patológico vivido como pressão e aceleração

Um problema que muitas pessoas vivem é a urgência e a pressão para realizar inúmeras tarefas.
O filósofo Gilles Lipovetsky cunhou o termo hipermodernidade para caracterizar os tempos atuais. E uma das características desse tempo é o da aceleração do tempo.

Os inúmeros avanças da tecnologia proporcionam um acesso a uma gama grande de informações, porem torna-se quase impossível processar tanta informação. Nem sempre é possível transpor para prática tanta informação.
A maioria das pessoas já acordam com aquela sensação de que o dia será curto para os afazeres. Não dispõem de tempo de qualidade para poderem pensar em si mesmas.

É interessante que o ser humano no decorrer da história dominou o espaço, mas tem dificuldade em dominar o tempo. As pessoas acabam tendo sintomas psicossomáticos.
Mesmo as crianças não estão livre da urgência do tempo. Muitas usam o celular e realizam outras coisas concomitantemente numa tentativa de obter máxima informação .

Muitas mudanças são tidas como naturais em detrimento do bem-estar, como por exemplo, o acúmulo de dinheiro. No caso existe a substituição do ser pelo ter. As pessoas se sobrecarregam para suprir a demanda de ter. A mulher, por exemplo, além de seu papel feminino, é profissional, mãe, dona de casa. As pessoas vivem tal processo como se fosse natural, sem a devida reflexão.

No clássico filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos (1936) podemos observar que o home deixa de escutar seu corpo para acumular funções e se robotizar.

Em qualquer profissão observa-se que se tenta fazer muito mais do que a real condição humana permite naquele momento. Tem lugares de trabalho que uma pessoa executa o trabalho que seria de duas pessoas. Muitas vezes por medo de perder o emprego se sujeitam. Assumindo cada vez mais responsabilidades vai perdendo os limites e adoecendo. As condições de urgência faz com o indivíduo não pare de atuar mesmo sem condições. O para “ontem” força um novo limite e gera adoecimento: estresse, esgotamento nervoso, cansaço, astenia física e mental, transtornos psíquicos e físicos. Verifica-se alteração de humor, irritabilidade, baixa tolerância, ansiedade patológica, depressão, fobias, pânico, síndrome de Burnout. Muitos lançam mão de drogas lícitas e ilícitas, como o álcool.

Pode ocorrer mudanças no metabolismo, alterações nas condições de apetite, sono, libido. Até as relações familiares podem ficar comprometidas. A desorganização e dissintonia podem expandir para os campos espiritual e emocional.
O tempo é para o homem e não o homem para o tempo. O tempo é um poço profundo e inesgotável que deve ser vivido com sabedoria.

Prof. José Pereira da Silva