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quarta-feira 27 novembro 2024
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Fé e Razão – O tempo de Deus e o nosso tempo

Em determinada época, se uma pessoa perdesse uma diligência, não havia problema. Esperava pela próxima, que chegaria seis meses depois. No nosso tempo, as pessoas têm um colapso se perderem a entrada numa secção duma porta giratória. Esta história merece ser tomada em consideração. O problema é que, devido à aceleração da nossa sociedade, muitas vezes, não nos apercebemos que a vida é muito mais do que velocidade – especialmente a vida espiritual.

A vida espiritual é um processo de crescimento para a maturidade, com um erro, um esforço mal sucedido de cada vez, até que, finalmente, nos damos conta que um erro espiritual é coisa que não existe. Basta que aprendamos com os erros para os transformar a todos em ganho.

A oração e um espírito orante ajudam-nos a compreender que o processo é tão importante, para a qualidade de vida, quanto a produtividade. A maneira como encaramos a vida é tão importante para o seu resultado final como aquilo que fazemos enquanto vivemos.

O fato é que muito poucas coisas podem, realmente, ser forçadas antes do tempo. O amor não pode ser forçado. O crescimento não pode ser forçado. A compreensão não pode ser forçada. A aceitação não pode ser forçada. Tal como o nascimento, essas coisas germinam na escuridão até chegarem ao amadurecimento – quer delas, quer nosso.

Conseguir apreciar a diferença entre o nosso tempo e o tempo de Deus é essencial para nos tornarmos pessoas espirituais.

O tempo de Deus é o que nos prepara para funcionarmos bem no nosso tempo.
É fácil, por exemplo, ser-se espiritual, quando nada nos desencoraja nem testa o nosso ânimo, nem põe à prova os nossos corações. Mas é precisamente a experiência do desencorajamento, nos nossos esforços, que nos pode fortalecer o suficiente para lidarmos bem com aquilo que esperamos, seja o que for. Testar os nossos espíritos – ter que verificar os nossos impulsos, uma e outra vez – ensina-nos, finalmente, a controlar a nossa ira ou a abafar a nossa luxúria. É a dor da perda que nos ensina que nada se perde realmente; simplesmente, tem de ser encontrado de outras formas.

Viver a vida de Deus significa aprender a forrar-nos de paciência, como diziam os antigos. Significa aprender a esperar que todas as nossas necessidades sejam respondidas no tempo de Deus – e, de certa forma, que todos os nossos desejos sejam satisfeitos; de certa forma, que todas as nossas esperanças sejam preenchidas; de certa forma, embora não necessariamente da maneira como nós próprios teríamos feito.
Preparem-se. E depois esperem. No tempo de Deus, a sua vontade será feita.

Prof. José Pereira da Silva