O sofrimento faz parte da vida humana. Nenhum de nós está imune ao sofrimento e a dor. Jamais teremos garantia que não teremos sofrimentos. Precisamos encarar essa realidade.
Cada pessoa encara o sofrimento de uma forma conforme suas convicções e formação. Porém o sofrimento sempre nos questiona e nos coloca diante de muitas questões existenciais. Porém também é uma oportunidade de crescimento humano e espiritual.
O que eu deveria passar a enfatizar no meu conceito de vida? O que é realmente importante na minha vida?
O sofrimento e a dor, bem como a enfermidade são oportunidades para repensar a vida e tratar de outra maneira o que é essencial para mim. O sofrimento nos coloca diante da questão “Se eu pudesse viver minha vida novamente…”.
O sofrimento tem uma dimensão espiritual que devemos ter sensibilidade para perceber. Em que consiste o sentido da minha vida? Em que deposito minha confiança e esperança? O que Deus quer me dizer por meio dessa situação de sofrimento?
O sofrimento nos obriga a abandonar muitas ilusões. É a vivência da finitude e transitoriedade. Obriga-nos a nos conscientizar de nossa verdadeira identidade. Qual é o verdadeiro eu? Todo que existe no exterior se desvanece. O aparente não é mais visível. Diante disso é preciso avançar no caminho para dentro de si mesmo e descobrir o verdadeiro eu. Atira-me de volta a nós mesmos. Nos leva a pensar até onde minha espiritualidade me marcou. É um abandonar a ilusão que podemos controlar tudo. O sofrimento desmascara as pessoas. O sofrimento constitui uma provação que dependendo da forma como é vivenciada pode levar ou não ao crescimento e novas perspectivas de vida.
O sofrimento permanece um fato que mais do que ser contornado, deve ser assumido e enfrentado da melhor forma possível.
Santo Isaac, o Sírio disse: “ Deus não quer o sofrimento dos homens” e nunca o quis. Jesus Cristo não veio ao nosso encontro para nos fazer sofrer, mas sobretudo para nos libertar dos sofrimentos.
A experiência humana do sofrimento pode ser ocasião de encontro conosco mesmos através do autoconhecimento e autossuperação, encontro com o próximo não seu sofrimento e dor através da compaixão e solidariedade e um espaço vital para a manifestação de Deus que sempre vem ao encontro das nossas dores e em nosso socorro e que , de todas essas situações , faz surgir nova vida. Como disse o Papa Francisco: “A nossa tristeza infinita só se cura com o amor infinito” ( Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, 265).
Nenhum sofrimento ou dor é totalmente sombrio que não deixe espaço para a luz da esperança! Valorizar cada minuto, enchendo-a de beleza, de verdade , de leveja.
É esse o palco da vida real, onde cada papel não é fruto de ensaios, mas das experiências enfrentadas. Eis o mistério da existência e, intrínsecos a ele, o enigma do sofrimento e o compromisso de descobrir e atribuir-lhe sentido, e encontrar na própria vivência trilhas de superação e de esperança.
Prof. José Pereira da Silva
