O capital espiritual da pessoa humana, comunidades, famílias, escola entre outros, foi sempre a primeira forma de riqueza das nações.
Uma pessoa, ou povo, continua a viver e não implode durante as crises enquanto tiver capitais espirituais e psíquicos a que apelar. No tempo da noite, não morrerá enquanto souber entrar dentro da sua alma e da do mundo e nela encontrar algo, alguém, a que agarrar-se para recomeçar.
Não é possível ter mais vida e de qualidade, achar recursos morais para uma aventura em caminhos de risco – para si e para os outros – conviver com adversidades e com a desventura de que se compõe a vida humana, sem capitais espirituais pessoais e comunitários.
Que capitais espirituais, antigos e novos, estamos a oferecer, a criar nas novas gerações? Estamos ofertando aos jovens, e a todos nós, recursos espirituais para as etapas críticas da existência? Quando voltam os olhos dentro de si, encontram alguma coisa que os faça levantar e olhar? Senão conseguirmos uma nova-antiga fundação espiritual do Ocidente, a depressão será a peste do século XXI. Os sinais de fragilidade da atual geração de jovens-adultos são muito eloquentes; bastaria apenas escutá-los mais.
É portanto exigência primária do bem comum o dar a vida a uma nova onde de “alfabetização espiritual” de muitas pessoas, em todos os lugares e em todos os meios ( incluindo a web). A procura deste bem, ainda em boa parte latente e potencial, é imensa.
Mas é necessário saber descobri-la precisamente no vazio de espiritualidade que parece dominar a nossa era. Estamos perante uma passagem decisiva; que marca uma época: se a procura de bens espirituais não encontrar uma nova “oferta” por parte das grandes e milenárias tradições religiosas que tem um patrimônio fecundo capaz de produzir novas linguagens vitais e compreensíveis, será o mercado a oferecer e vender espiritualidade, transformando-a em mercadoria.
Prof. José Pereira da Silva