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sábado 23 novembro 2024
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Fé e Razão – O bom tesouro do coração: nossa vida é viva quando tem coração

O homem bom do bom tesouro do seu coração extrai o bem. O bom tesouro do coração: uma definição tão bela, tão plena de esperança, daquilo que somos no nosso íntimo mistério.

Todos temos um tesouro bom guardado em vasos de argila, ouro fino a distribuir. O primeiro tesouro é nosso próprio coração. Diz Gandhi (1869-1948): “ Um homem vale quanto vale seu coração”.

A nossa vida é viva se cultivamos tesouros de esperança, a paixão pelo bem possível, pelo sorriso possível, a boa política possível, uma casa comum onde seja possível viver melhor para todos. A nossa vida é viva quando tem coração.

A linha do coração é a das motivações profundas e das raízes boas. Acontece como para as árvores: a árvore boa não produz frutos estragados.

É a escola da sabedoria das árvores. A primeira lei da árvore é a fecundidade, o fruto. E é a mesma regra de fundo que inspira a moral do cristianismo e das grandes religiões: uma ética do fruto bom, da fecundidade criativa, do gesto que verdadeiramente faz bem, da palavra que verdadeiramente consola e cura, do sorriso autêntico.

No final de nossas vidas, revelação da verdade última do viver, o drama não serão as nossas mãos talvez sujas, mas as mãos desoladamente vazias, sem frutos bons oferecidos à fome de outros.

Ao contrário, as árvores, toda a natureza, mostram como não se vive em função de si próprio, mas ao serviço das criaturas. Em cada outono encanta-nos o espetáculo dos ramos carregados de frutos, um excesso um desperdício de sementes, que são para os pássaros do céu, para os animais da Terra, como para as pessoas.

As leis profundas que regem a realidade são as mesmas que regem a vida espiritual. O coração do cosmo não diz sobrevivência, a lei profunda da vida e doar-se. Isto é, crescer e florir, criar e doar-se. Como as árvores boas.

Mas temos ainda uma raiz de mal em nós. Porque olhas para o argueiro que está no olho do teu irmão” (Lc 6, 39-45)? Porque é que te perdes a olhar para a sombra em vez da luz daquele olho? Não é assim o olhar de Deus.
Deus vê o homem muito bom porque tem um coração de luz. O olho mau emana obscuridade, espalha amor sem sombra. O olho bom é como uma lâmpada, difunde luz.

Com todo o cuidado vigia o teu coração, porque nele está a fonte da vida.

Prof. José Pereira da Silva