Vivemos numa sociedade que facilita a perda das raízes. Temos perdido as raízes? Que raízes nos alimentam? Onde estamos enraizados? Quais raízes que nutrem atualmente nossa vida? São as melhores?
O novo vem do chão da vida. Viver a partir das raízes, projetar a partir das raízes, criar a partir das raízes.
Fundamental colocar novo adubo e fortalecer as raízes na realidade cotidiana. Descer às raízes é uma oportunidade para nos descobrir e conhecer nosso interior, para encontrar nosso recursos mais nobres e assim experimentar a transformação.
O caminho para uma nova qualidade de vida passa pelo encontro com as próprias raízes. Mas essa descida nos possibilita descobrir um mundo diferente que não conhecíamos, ou que havíamos perdido.
Este é o caminho da espiritualidade que brota do húmus; descer até o fundo, mergulhar nas dimensões mais profundas onde estão escondidos os tesouros que dão significado e sentido às nossas vidas.
Vivemos um contexto social-político- religioso marcado por um profundo desenraizamento, onde somos mobilizados a viver em mundos sem raízes.
No emaranhado das imagens e sons perdemos a noção daquilo que é essencial e decisivo para a vida; vivemos na superfície dos acontecimentos e de nós mesmos; esvaziamos a consistência interior e fundamento sobre o qual se apoia a nossa própria vida; congelamos toda proximidade e relação com o outro; petrificamos todo compromisso com as causas mais nobres.
Desenraizar-se é desumanizar. Quem chega às raízes descobre-se implantado na natureza humana, naquilo que todos compartilham e, por isso mesmo, descobre-se e sente-se enraizado no Outro.
Ninguém pode viver sem raízes, pois não se sustentaria de pé. Quando perde suas raízes, o ser humano se atrofia e fica privado de algo decisivo, essencial: de uma fonte de vitalidade.
Superfície significa o esquecimento da raiz, significa viver na distância da vida, desconectado da fonte interior, desarticulado e ocupado com o que não é essencial.
Muitas pessoas passam pela vida assim, distraídas como turistas, como voyeurs, que consomem, sem descanso, paisagens e imagens de si mesmas, cujo olhar está sempre ocupado com as vitrines ou o próprio umbigo e assim nunca repousam, nunca chegam à raiz de nada.
Prof. José Pereira da Silva