A vida não termina com a morte. Todas as grandes religiões são unânimes em afirmar essa tese. O homem , em sua essência, não virá pó. Se assim fosse, nada do que ele fizesse teria sentido. A bondade, o amor ao próximo, as virtudes, a vida reta, os elevados princípios religiosos, as profundas verdades apregoadas ao longo da história humana… tudo isso não passaria de futilidade. A vida teria o valor de uma bola de sabão.
A vida física talvez seja assim, mas não a espiritual. E é esta vida, a que coloca os valores do espírito acima da efemeridade da existência material, que tem de ser cultivada e vivida.
Todos os prazeres e todas as glórias que o homem conseguir neste mundo acabarão quando ele deixar este mesmo mundo. Mas as virtudes eternas, como a caridade, a tolerância, o amor ao próximo, as virtudes adquiridas e vividas, a magnanimidade, permanecerão, porque tudo que vem do espírito é imortal.
Jesus Cristo disse: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá E todo aquele que vive e crê em mim, nunca morrerá” (Jo 11,25).
Serão vitórias do espírito: todo o bem que o homem fizer, por menor que seja, toda a alegria e felicidade que ele partilhar com seu semelhante, todo o repúdio aos sentimentos baixos de ódio, de injustiça e de egoísmo, todo pensamento elevado e toda a conduta nobre…
E esse triunfo espiritual engrandecerá o homem, por mais humilde que seja sua condição material, e o conduzirá pelo caminho glorioso da paz e harmonia, mais perto de Deus. Essa é a nossa verdadeira missão e o sentido da vida.
Sabemos o quanto é difícil para nós enfrentar a dor causada pela morte de alguém querido. É impossível não sofrer,
No entanto, esse sofrimento não pode ser maior do que a alegria gerada pela vida que passou e, muito menos, será capaz de abafar a alegre esperança da ressurreição, na promessa de Jesus.
Menos ainda terá atitude cristã revoltar-se contra Deus, pois a vida transformada na hora da morte foi por ele mesmo concedida.
Para explicar o mistério da morte, o Novo testamento usa a imagem do parto. O dia da morte é o dia em que termina a gestação da “nova criatura” (Gl 6,15). É o dia do nascimento do “homem novo” (Ef 4,24). Por isso, a morte não é ocaso, mais aurora.
A nossa fé nos diz que Deus não cria para destruir. Assim visto, a morte não é uma aniquilação que reduz o ser a nada. Após a morte é, portanto, natural que cada ser humano conserve a sua identidade. Pela identidade conhecemos a pessoa. A identidade é o que a pessoa é em si.
Na visão de Deus ela não é destruição, ou aniquilamento, mas transformação. Assim, se a morte fosse aniquilamento, a vida criada por Deus não teria eternidade. Deus é Pai, e que pai gostaria de destruir para sempre seu filho? A morte, então, não é destruição, mas transformação.
Tomemos uma semente de milho como exemplo. Dentro dela está todo o projeto embrionário de uma planta. Quando a colocamos na terra, ela aparentemente morre, mas daí, a partir dela, surge uma planta, que já não tem a mesma aparência da semente. Aquela planta traz em si todas as características que a semente possuía, mas não é mais a semente, houve uma transformação.
Na morte há um corpo que é sepultado ou cremado. Contudo, a fé na ressurreição nos diz que a vida não foi destruída, mas transformada. A pessoa falecida vive junto de Deus, mas em um novo estado existencial, Vive ressuscitada!
No passado se falava muito em vida após a morte; hoje a preferência é dizer Vida após a vida, pois a morte torna-se a passagem para a vida eterna.
Crer na ressurreição é encher-se de esperanças, pois o Deus que criou a vida a conserva e a mantém na eternidade. Então, para a morte existe solução, sendo que a ressurreição é o presente de Deus a quem ele chama para a vida eterna.
Prof. José Pereira da Silva