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sexta-feira 15 novembro 2024
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Fé e Razão – Interioridade ética do ser humano

A palavra ética relaciona-se ao sentido de caráter habitual, lugar próprio do e para o ser humano como propriamente humano. É à morada humana e ao modo como o ser humano habita o ser que a ética se refere.

A ética é sempre algo de muito profundo, que coincide com o modo próprio de o ser humano habitar isto a que chamamos o mundo, algo que depende sempre do que são os seus atos.

A ética é o modo de ser do ser humano. Todo o ser humano é uma entidade ética ou não é coisa alguma. A ética é o ato constitutivo do que é próprio do ser humano. A ética especifica o ser humano e o distingue dos demais seres. A ética nunca é algo adjetivo, mas que é sempre algo de substantivo. A aplicação da categoria da eticidade fora da atribuição possível a indivíduos humanos, isto é, pessoas, é carente de significado.

O âmbito da política é, assim, o âmbito das relações entre os seres humanos. São estas relações que constituem o que é o complexo ato da cidade, da polis, cuja expressão quer teórica quer concreta mínima consiste na relação entre apenas duas pessoas.

A ética é o domínio próprio da ação humana. Nela encontramos, muito diferenciados, Uma Madre Santa Teresa de Calcutá e um Adolfo Hitler. Uma, santa; o outro, perverso ao extremo. Mas ambos tão humanos um quanto o outro; tão eticamente humanos um quanto o outro; tão sujeitos éticos um quanto o outro; tão construtores de seu ser um quanto o outro; tão construtores do mundo um quanto o outro.

A diferença reside em que Santa Madre Teresa de Calcutá sempre pelo bem-comum universal; Adolfo Hitler pelo bem exclusivo desses que escolheu como seu povo eleito, às custas do bem parasitado a milhões de outros seres humanos.

Quando se relaciona a ação destes dois exemplos extremos de ação humana para com o bem-comum, entra-se na dimensão extraética que, no entanto, anda associada à dimensão ética: a dimensão política da ação humana.

Se a ética é a ação humana, referida ao sujeito de ação. Ação que penetra no âmbito da relação com outro ou outros seres humanos, nasce o mundo político.

O ato mais poderoso da realidade humana, o amor, é sempre algo que tem a sua origem na interioridade ética de um ser humano e, depois, se transcender essa mesma interioridade, se converte no ato mais poderoso que existe: pensemos em todos os que dão a sua vida em amor pelos outros, no que é o ato humano mais sublime que existe.

Prof. José Pereira da Silva