Cultivar a interioridade é uma tarefa de mergulhar no homem interior. No século XXI essa busca muitas vezes perde o rumo devido aos muitos apelos vindos do exterior. É uma busca que perde sua densidade conforme as condições mudem.
O aprendizado da vida interior exige atenção e desprendimento numa sociedade prisioneira do possuir e do consumir. Uma sociedade do imediatismo que causa um desânimo na busca do cultivo da interioridade. Consequentemente isso leva a uma progressiva perda da sensibilidade humana. Pois a vida interior pressupõe desenvolver essa sensibilidade humana.
A vida espiritual exige trabalho e dedicação e seu espaço é a vida cotidiana.
É o cultivar um estilo de vida a partir da interioridade, exige estudo e experiência. A descoberta da vida interior exige aprendizado que é aberto as todas as pessoas sem distinção. Toda pessoa tem os meios necessários para cultivar a vida interior e o principal instrumento é o seu próprio ser.
Santa Teresa de Jesus (1515-1582) falava das moradas interiores, assim dizia ela: “Não é preciso de asas para procurar a Deus, mas colocar-se em solidão e olhar para dentro de si”. Portanto é necessário organizar sentimentos, emoções e pensamentos para adentrar no interior da própria existência.
Esse cultivar exige exercício constante que não se adquire de um dia para outro.
Cultivar o interior supõe que existe no ser humano uma interioridade e que somos uma imagem externa e visível porém com um fundo vital e invisível que está no centro da formação humana.
Falar da interioridade é tratar da vida profunda e da participação no segredo mais profunda da existência humana. É fazer aquela experiência de Moisés: “Tire as sandálias dos pés, porque o lugar onde você está pisando é um lugar sagrado” (Êx 3, 5).
A interioridade é um lugar sagrado e profundo que dá consistência a vida humana. O cultiva do interior é também percorrer os caminhos da própria vida, é descobrir o que você é.
O caminho autêntico da interioridade leva ao crescimento como pessoa humana e à sua humanização. Exige olhar atento para si. Jesus Cristo disse: tudo sai do coração humano (Mt 15,19).
O ativismo e o imediatismo esvaziam a interioridade. A interioridade exige estar em si e o ativismo e imediatismo um estar fora de si.
Prof. José Pereira da Silva
