A vida é estratégia de esperança, esperança de amor, sem amor não se vive, só se existe. A dor física, o sofrimento psíquico, as discussões, as indiferenças, tudo pode ser superado com amor.
O amor em seu sentido profundo é a defesa, a reação de proteção para sobreviver a todo acontecimento traumático, para superar as crises existenciais, para evitar a desintegração mental.
O amor é uma arte já nos lembrava o psicanalista e filósofo Erich Fromm (1900-1980), à luz das ideias e experiências distorcidas do passado, algumas pessoas podem parecer indignas de amor, no sentido de que se tem uma percepção errada do comportamento delas, tornando-se difícil amá-las.
Temos uma meta na vida a serenidade de ânimo, o equilíbrio do comportamento, a paz interior etc, então, não podemos deixar nosso estado mental depender das mudanças dos outros, mas escolhemos amar sem condições, deixando de lado temores e danos, sem se vincular à satisfação de algumas expectativas nossas sobre os outros.
As pessoas geralmente não sabem amar porque fundamentalmente não sabem amar a si mesmas, não sabem aceitar seu lado negativo, sua própria sombra, seus limites, seus defeitos etc.
Saber amar-se significa simultaneamente saber amar a si mesmo e saber amar-se mutuamente. Para compreender a si próprio, o ser humano precisa primeiro compreender e amar o outro. Para se amado pelo outro, precisa amá-lo.
É preciso conhecer a si mesmo e superar os limites do ego, aceitar a si mesmo e afirmar a vida. Urge um processo de integração das necessidades desarmônicas. Como dizia o filósofo Kierkegaard ( 1813-1855): “ A vida não é um problema a ser resolvido mas uma realidade a ser vivida”.
O caminho de conhecimento de si consiste essencialmente numa descida para baixo, a parte mais oculta de si próprio. Encontrar esse tesouro é a parte divina da alma humana. Encontrá-la em si mesmos e nos outros.
As pessoas andam angustiadas embora tendo um tesouro dentro de si e julgando, com frequência, que esse tesouro estará em algum lugar distante. Feliz é quem encontra esse tesouro.
É fundamental aceitarmos todo o mundo interior que nos habita, só quando aprendermos a aceitar isso, seremos livres de ser aquilo que somos objetivamente. Sou chamado a me encontrar com tudo aquilo que trago dentro de mim. O caminho do conhecimento de si exige o encontro com as próprias sombras. Ninguém pode deixar de lado a própria humanidade.
A elevação, o crescimento humano es espiritual exige uma descida até as sombras interiores. Tal descida nos conduz à verdade de si. Precisamos perdoar, curar e sanar o nosso interior. Despojar-se de todas as máscaras. Ficar nu diante da própria verdade por mais difícil que seja aceitar.
Criamos um mundo paralelo dentro de nós, cheio de imagens ideais: deveria ser assim, gostava de ser assim, se fosse assim, diante de tudo isso jamais se iniciaria o conhecimento de si próprio. Onde está nosso maior problema, aí temos nossa maior oportunidade. É fundamental ter amizade com nosso interior. Devemos agir em nossa realidade.
Trazer à luz e dar nomes, as sombras que nos habita, as feridas, os traumas e dramas que temos dentro de nós mesmos. Abrir janelas para ver nosso ser real. Descer e conhecer nosso abismo interior e descobrir aí potencialidades e novas perspectivas. Regressar a uma vida autêntica é ter a sabedoria de reconhecer-se.
Prof. José Pereira da Silva