“Verdadeiramente, o Senhor ressuscitou!” (Lc 24,34)
“Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremo-nos e nele jubilemos.” Celebramos a Páscoa de Jesus, sua passagem da morte para a vida, passagem a que todos nós somos associados pelo batismo.
Todo o mistério de Jesus Cristo, durante os dias da sua vida, paixão e morte, se pode resumir nesta palavra de São Paulo: “Humilhou-se, fazendo-se obediente até à morte” (Fl 2,8). É a palavra-chave que abre e ilumina o mistério pascal. A sua extrema obediência aos desígnios de Deus opera um milagre entre Deus e a humanidade.
Se a palavra de São Paulo pode resumir a sua vida, paixão e morte, há uma outra palavra do mesmo São Paulo que resume o mistério da sua ressurreição: “Vive para Deus. Vive em Deus”. Esse homem Jesus, que passou 33 anos no meio de nós, entrado na nossa história e martirizado pelos homens, vive em Deus. Vive para Deus Recebeu de Deus, seu Pai, uma vida nova, misteriosa para nós, uma vida gloriosa e sem enfermidade, nem limite.
É que a ressurreição do Cristo é passagem para uma situação melhor, Páscoa é nascimento à vida nova. Vida nova também para nós, baseada, não em nossas forças, mas na fé em Jesus Cristo e nas maravilhas que Deus cumpriu para ele e nele para nós. Todos somos chamados a compartilhar a Páscoa do Cristo. Nele toda a humanidade estava presente e foi reconciliada com o seu Criador e Pai.
Por meio dele, apesar do nosso pecado,todo o homem poderá realizar novamente a sua vocação integral de comunhão de vida e de amor com Deus Pai. A grande iniciativa pascal de Deus é a encarnação de seu Filho, encarregado de realizar o plano primitivo de Deus Pai, plano prejudicado pela desobediência do primeiro homem, E qual é o plano de Deus? Fazer o homem participante do seu amor, da sua vida, da sua imortalidade e felicidade.
Plano manifestado e já realizado em Jesus Cristo e Maria Santíssima, através da sua paixão e compaixão. A esse mistério pascal pertence toda a obra da Criação e da salvação. Jesus Cristo em si mesmo é esse mistério todo, enquanto em sua humanidade se realiza o plano eterno da salvação. Então, Páscoa é passagem para situação melhor.
Na Páscoa do Cristo se mostra bem clara a força no amor divino, e cabe a cada um de nós abrir o próprio coração à invasão da vida e da alegria, do perdão e da força para caminhar.
Celebrar a Páscoa é celebrar e exaltar a força divina do amor São Paulo nos faz meditar e cantar esta palavra: “Cristo é nossa Páscoa”. Que quer dizer isso? Quer dizer que em Jesus, Filho de Deus passa no meio de nós, se dá a verdadeira Páscoa, enquanto Deus passa no meio de nós com sua encarnação, e depois passa em Deus a nossa humanidade na Páscoa do Cristo, nosso Senhor. Passagem à vida melhor para todos nós.
É a graça pascal: doação total de Deus na fé, na esperança e no amor. É o que nos aconselha São Paulo: “Se ressuscitastes com Cristo, anelai pelas coisas de Deus”. As coisas de Deus são o seu desígnio de salvação e santificação. Devemos fortalecer em nós essa graça recebida em germe no batismo, destinada a crescer e desenvolver-se.
A nossa fé não apenas abre nosso coração ao mistério pascal, mas faz parte desse mistério e nos faz entrar nele. Ato de fé que cria um contato vivo com Jesus ressuscitado e torna-o presente na celebração do seu mistério pascal.
Celebrar a Páscoa é torná-la presente e ativa em nosso coração, é entrar nela e abrir o coração à sua riqueza infinita. É passar novamente à vida melhor com Cristo e em Cristo.
Prof. José Pereira da Silva