Existe uma nobre arte que se chama da proximidade e da carícia, da cura dos demônios do viver. Arte de saber viver com sabedoria.
Cada pessoa deve ter tempo do encontro que consiste em ter tempo para si mesmo, de voltar a ligar-se àquilo que acontece no seu espaço vital, em seu interior. Trata-se de se conectar ao mais profundo de si mesmo. Há um tempo para cada coisa, um tempo para agir e um tempo para a interrogação sobre os motivos do agir. Para ficar em casa com a família ,amigos e consigo mesmos.
Parar para aprender a sabedoria do viver. Vivemos hoje numa cultura em que o rendimento que tem de crescer e a produtividade que deve estar sempre aumentando nos convenceram que são os compromissos que dão valor à vida.
A vida vale independentemente dos nossos compromissos. Trata-se de dar prioridade às pessoas e não a programas. É experimentar compaixão. Termo de uma carga belíssima, infinita, termo que faz apelo às entranhas e indica um espasmo interior.
Experimentar a dor do mundo e ter compaixão. Isso nos humaniza. Recuperar o olhar que humaniza.
Talvez tenhamos esquecido que há uma vida profunda em nós que continuamos a mortificar, a deixar à fome e à sede. Pior muitos talvez nem percebam isso. Esta fome e sede profundas que habitam o interior de cada pessoa. É um vazio que não é preenchido por qualquer coisa e de qualquer maneira.
Pode dar-se pão, é verdade, mas quem recebe o pão pode não ter necessidade extrema dele. Mas de um gesto de afeto que todo o coração exausto precisa. E cada coração está exausto.
Cada pessoa deve aprender um olhar que tenha comoção e ternura. E isto vale para cada um de nós: quando aprende a compaixão, quando reencontras a capacidade de te comover, o mundo aninha-se na tua alma, e tornamo-nos um só rio.
Se ainda há quem saiba, entre nós, comover-se pelo ser humano, este mundo ainda pode esperar. “Enquanto há vida, há esperança”( Ecl 9,4).
Prof. José Pereira da Silva