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sexta-feira 8 novembro 2024
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Fé e Razão – Ano Novo: valorizar o tempo, dom de Deus

Fim e começo de ano lembram sempre a passagem do tempo. “Como voa”, costuma-se exclamar. É freqüente verificar que os homens só apreciam os valores que tem, depois que os perdem. O valor presente se torna rotineiro ou mesmo insípido; só depois que desaparece, é que os usuários tomam consciência de haver lidado com grandes bens sem se dar plena conta disto. Assim também é o tempo; pode parecer insignificante, mas, uma vez perdido, aparece com todo o seu valor.

Ora o começo de novo ano sugere uma reflexão sobre estes fatos, a fim de que não se repitam. Janeiro (ianuarius, em latim) é o mês da ianua ou da porta. Por ele entramos em novo ano.

O amanhã depende muito do meu hoje, da minha maneira de viver no momento presente. O presente, no dia de amanhã, já será passado. Viver bem o momento presente é garantir o futuro. O hoje vai somando para que meu amanhã seja de progresso, de paz e de vida em paz.

Por isto nós, que entramos em novo ano, embora nos aprestemos a viver muitas das realidades já vividas em anos anteriores, havemos de vivê-las de maneira nova, porque seremos mais penetrados pela novidade do futuro que se faz sempre mais presente; seremos mais maduros, mais experimentados e, por isto, capazes de fazer do velho e rotineiro algo de novo. Sim; somos nós que fazemos os tempos, não os tempos que nos fazem; nós damos a marca a cada um dos nossos tempos. O tempo é o dom de Deus básico, sem o qual não há outros dons. Sim; é no tempo que nos é dado praticar o bem, trabalhar, lutar, merecer.

Podemos dar novo matiz aos nossos tempos, nem sempre recorrendo a dinheiro e maquinaria, mas sempre colocando dentro dos tempos algo que se acha em cada um de nós, isto é, um ânimo novo.

O mês de janeiro, o mês que abre o ano novo, dá ocasião a cada pessoa para pensar no inestimável valor do tempo, evitando a mera rotina de vida inconsciente do seu por quê e para quê. Deus nos dá um grande dom: o tempo. Quantos são os que no fim da vida desejariam ter um pouco mais de tempo para recuperar os dias perdidos.

Devemos reconhecer que todo fim é um recomeço ou é um continuar… mais experimentado e mais maduro, mais seguro do que isto significa. Lembremos as palavras do General Douglas Macarthur: “És tão jovem quanto a tua fé. Tão velho quanto a tua descrença. Tão jovem quanto a tua confiança em ti e a tua esperança. Tão velho quanto o teu desânimo. Serás jovem enquanto te conservares receptivo ao que é belo, bom e grande. Receptivo às mensagens da natureza, do homem e do infinito. E, se um dia teu coração for atacado pelo pessimismo e corroído pelo cinismo, que Deus se compadeça de tua alma de velho”.

No ano novo que chega devemos fortalecer a perene juventude, o ânimo e a esperança. O Novo Ano é um apelo a recomeçar com mais maturidade, pois é preciosa oportunidade oferecido pela graça de Deus. Reconhecer que todo fim é um recomeço ou é um continuar. O Novo Ano seja ocasião para que se renove a nossa consciência que o mundo de hoje pede uma presença viva e atuante de cada um de nós. “Vós sois o sal da terra. Se o sal perder o seu sabor, com que se há de salgar?” (Mt 5,13).

Cultiva atitudes novas, evitando a agressividade e o desejo de dominação. Descobrir e aprender meios para auxiliar quem necessita de auxílio, a fim de que a vida, em suas diversas expressões, seja cultivado e promovido. Precisamos mais poesia nas relações interpessoais. Cultivar mais nossa condição humana com mais sensibilidade e gratidão. Trabalhar não só pelo bem individual, mas principalmente pelo bem comum.

A cada dia que se renova, renove as esperanças de vida, de ir mais além, de tentar conquistar o inconquistável, subir, atingir um ponto inatingível. A cada novo dia que nasce, a cada ano que nasce, novos sonhos renascem e nos impulsionam em frente.

Prof. Dr.  José Pereira da Silva