Search
quinta-feira 28 novembro 2024
  • :
  • :

Fé e Razão – A Voz da Consciência

O Concílio Vaticano II declarou: “ No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz , que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faze isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado. A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser” (Gaudium et spes, 16).

O que é, então , a consciência? É a voz de Deus em cada ser humano criado à sua imagem e semelhança, capaz de bem e de mal. É, para cada pessoa, o critério último e definitivo do seu pensar, falar e agir.

A consciência é voz de Deus, eco da Palavra que ressoa na intimidade, ainda que sempre limitada e condicionada pelo ser humano. Eco reflexo da liberdade de que toda pessoa é dotada, sempre condicionado pela própria condição humana.

Certamente que para exercer a consciência é preciso poder dizer “eu”, e, portanto, condição prévia é que haja um espaço de liberdade para este “eu”. Isto, no entanto, na consciência de que sobre cada pessoa pesam vários condicionamentos: a história social, familiar, pessoas, as estruturas que nos plasmam, a cultura em que estamos inseridos entre outros.

É sobre o terreno da consciência que todos os humanos deveriam confrontar-se para caminhar juntos. É a consciência o órgão a exaltar para indicar a verdadeira dignidade de cada homem e de cada mulher. A consciência é fundamental para habilitar às escolhas , com responsabilidade e criatividade, de assumir e exercer. É na consciência que Deus pode falar.

É na consciência quem, através do exercício da crítica e do confronto, se pode abrir o caminho para a verdade. A consciência não é uma voz que nos recorda uma lei já feita, a aplicar de maneira mecânica, mas pede-nos criatividade no discernir situações novas, sempre iluminadas pelo princípio fundamental do amor. Por isso, é inviolável, é um santuário, é o tesouro que cada humano recebeu de Deus como dom.

A consciência deve ser ajudada a descobrir os seus erros, deve confrontar-se, mas nenhuma autoridade humana tem o direito de pisar a consciência pessoal.

Prof. José Pereira da Silva