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quarta-feira 25 dezembro 2024
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Fé e Razão – A vocação humana para a felicidade: o impossível necessário

Ser feliz é uma das nossas maiores obrigações. Todos nós temos as condições requeridas para viver felizes. E com frequência pouco desejável costumam estar reprimidas, maltratadas, obscurecidas. Se as pessoas fizessem uma listagem de coisas que não tem coragem de sentir, desejar , pensar, fazer etc., descobriríamos quão sem importância são os motivos que nos impedem de ousar ser felizes.
Um grande número de pessoas vivem uma felicidade inferior ao que seria possível. A autoestima e felicidade estão intimamente relacionadas, o controle e a administração sadios dos conflitos interiores são fundamentais para a felicidade pessoal.

Os ritmos de vida na sociedade contemporânea são vertiginosos , novos e contínuos desafios geram desgastes e infelicidade na vida das pessoas.

A alegria é sintoma da felicidade. A alegria nos acompanha nos momentos mais belos da vida. E nos abandona quando o âmbito vital se estreita. A felicidade afeta nossa forma de ser. Sempre existe alguma coisa que nos causa alegria. O amor, o sentir-se amado, o fato de se poder amar, eis o que alegra o coração humano.

Quanto mais amarmos, tanto mais seremos felizes. No filme de Ingmar Bergman (1918-2007) “Gritos e Sussurros” a mulher agonizante não acabava nunca de morrer. Antes de se entregar à sua sorte, ela que ser amada. Ela não pode morrer antes que o amor tenha dado sentido à sua morte.

Precisamos de pessoas em nossas vidas com quem possamos compartilhar nossos sentimentos abertamente e com segurança. Mas o que é que encontramos quando cada um de nós entra em sua solidão? Somos felizes?

A felicidade é inseparável do sentido da vida. Há perguntas que devemos fazer-nos, embora a resposta não seja fácil: O que me importa de verdade? De que necessito para ser feliz? O que me impede de consegui-lo? E importante para mim a felicidade?

O que é mais importante em minha vida? A nossa sociedade considera importantes algumas coisas que ocupam o primeiro plano nos meios de comunicação social. Todavia a nossa subjetividade nos mostra que há outras realidades mais importantes para nós, que a sociedade não compreende como tais. Então, o que é que me importa de verdade?

A felicidade não é propriamente uma meta, mas um resultado. Felicidade é o nosso impossível necessário. Não há felicidade sem encontro. Não há também encontro sem relações interpessoais. Nem relações interpessoais sem intercomunicação.

Ser feliz é o resultado do encontro de amor que plenifica a vida. Fazemos na vida muitas coisas, mas o que fazemos acima de tudo, é viver. A felicidade tem a ver não com aquilo que fazemos, mas com aquilo que somos, tem a ver com a vida como tal.

Existe a felicidade de cada dia, essa dose de felicidade que Deus vai distribuindo diariamente entre nós. Desenganados, chegam à conclusão que é necessário contentar-se com aquilo que se possui, sem desejar aquilo que ultrapassa as próprias capacidades.

Existem pessoas que quanto mais vivem cercadas de bens materiais, mais sentem as carências emocionais e o tédio. Onde há tédio não há lugar para a felicidade. A vida é também resposta, projeto, opção, pretensão.

Um dos fatores que fazem mais difícil alcançar a felicidade é o não atrever-se a desejar. Existem pessoas que se contentam com uma felicidade mínima e renunciam a se ver agraciadas com o impossível necessário. O temor e a falta de imaginação são inimigos da felicidade que é graça. Para a felicidade é importante resgatar o sentida da gratidão. As pessoas em nossa sociedade estão esquecendo o sentido de agradecer, principalmente pelas pequenas coisas de cada dia.

Temos a vocação da felicidade porque Deus no ama e pôs a felicidade ao nosso alcance. A vida está cheia de razões gratuitas de felicidade ao nosso alcance, mas muitas vezes não a vemos onde ela se encontra. Como diz Mário Quintana (1906-1994) : “Quantas vezes a gente, em busca da ventura, procede tal e qual o avozinho infeliz: em vão, por toda a parte, os óculos procura, tendo-os na ponta do nariz”.

Prof. José Pereira da Silva