A vida espiritual abrange todas as dimensões da pessoa humana. Ela não desencarnada e fora da realidade. A vida espiritual é viver a própria vida de Deus.
Abraçar à vida espiritual não é restringir o seu campo de visão a uma parte do real. É, ao contrário, ampliá-lo a abraçar todas as dimensões. O ser humano muitas vezes é míope e vice na superficialidade do seu ser. Muitas pessoas agem como se a vida consciente e natural fosse toda a existência. Ou reduzir à vida consciente no esquema racional da cultura atual, excluindo tudo o que não cabe aí.
A história e a sabedoria milenar de muitas civilizações nos mostram que há mais no homem e na realidade.
A psicologia das profundezas nos mostra que existe também em nós uma vida pré-consciente e inconsciente, mais extensa que a vida consciente que tem outra lógica.
A vida espiritual engloba todo o ser do homem, consciente e inconsciente. Ela é mais extensa que a vida natural e se abre para os espaços imensos da vida divina. A vida espiritual deve ser o horizonte a partir do qual se avalia a importância de qualquer coisa. Com muita frequência jogamos segundo os critérios deste mundo, interesseiros e verdadeiramente limitados.
O homem não pode fechar-se em si mesmo separando-se de sua transcendência, quer dizer, de sua aptidão a transcender-se para valores objetivos que vão além dele.
A felicidade, a auto-realização não é um fim em si mesma; o homem deve evitar considera-la como algo absoluto. É a consequência da realização de valores superiores aos quais a pessoa se dedica.
Aceitar o modelo do homem como o de um ser que se realiza pela gratificação de todos os desejos é voltar à ideia do “bom selvagem” desenvolvida no século XVIII.
O homem é mais que o homem. Ele se realiza ao superar-se.
Prof. José Pereira da Silva