Deus é o fundamento do real. O homem permanece religado experiencialmente, fisicamente , a esta realidade plena, na medida em que Deus a constitui. E se o homem é parte dessa realidade total, participa de sua essência e, portanto, estabelece uma relação com Deus a partir de sua própria plenitude, e não de sua finitude.
A relação do homem com o divino perpassa toda a história da humanidade. Deus é um problema da realidade e, desta forma, um problema que está ligado ao próprio fundamento do homem em seu fazer-se pessoa.
A este problema, responde positivamente aquele que tem fé religiosa. Deus não é um problema que o homem possa, ou não, colocar-se, como se se tratasse de um problema qualquer que pode ser abordado como algo exterior. O problema de Deus é um problema que o homem deve colocar-se, querendo ou não, sabendo-o ou não, já que pertence a sua condição de homem e, neste sentido, é ineludível.
O homem não pode chegar a Deus se previamente não se faz presente a Ele. Daí que se encontre a Deus antes pela via da experiência do que pela via da razão.
O homem, a rigor, não tem uma experiência de Deus mas, primeira e formalmente , o homem é experiência de Deus. Existe dois níveis da experiência de Deus, uma universal de re-ligação, própria de todo ser humano, a experiência da graça e a experiência propriamente cristã, que é a Encarnação. A primeira se refere ao chamado estendido a todo homem, Na experiência da graça, que dá origem à vivência especificamente religiosa, Deus se vai revelando progressivamente ao homem.
A encarnação de Deus indica ao homem que não deve ocupar-se de Deus à margem de si mesmo, das coisas ou do mundo, mas ocupando=se das coisas, de si mesmo e das pessoas. Sua experiência de Deus, longe de afastá-lo do mundo, compromete-o com o mundo.
O homem tem a ver com tudo neste mundo, mesmo o mais trivial, contudo tem de fazê-lo divinamente É justamente aí que está a experiência de Deus.
Prof. José Pereira da Silva