No decorrer da vida aprendemos muitas coisas em diversas áreas do conhecimento. Realizamos inúmeras provas para verificação dos conhecimentos adquiridos. Porém falta o conhecimento de nós mesmos como pessoas. Falta uma pedagogia do autoconhecimento! Um semi- analfabetismo com relação a nós mesmos.
A maioria das pessoas compreendem minimamente sua própria pessoa. É preciso desenvolver a consciência da necessidade de submersão. Submersão em nós mesmos, no processo de descobrir lentamente nossa personalidade. Ao nascermos somos convidados a busca da individualização como caminho de amadurecimento e singularidade. Algo tão importante numa sociedade que as pessoas fazem procedimentos estéticos para ficarem iguais uma as outras. Parece uma linha de montagem!
A alienação começa quando as pessoas fazem comparações, imitações e assim a pessoa vai de deixando de lado o trabalho de mergulhar em si mesmas. Quando isso acontece a pessoa vai ficando na superfície do que ela realmente é.
O mergulho em nossa interioridade exige atenção e coragem. Existe uma dificuldade existencial de tentar ver e compreender o que temos dentro de nós. Porém é preciso realizar essas caminhas interiores para isso existem muitos instrumentos. Não ter conhecimento de si mesmo é como morar num casa e não conhecê-la.
Se ocupar de si mesmo é de grande importância e talvez a maior tarefa da vida. É o trabalho de iniciar e dar prosseguimento ao submergir na própria interioridade. Muitas pessoas passam grande parte de suas vidas semi-adormecidas. Olhar para dentro é fundamental numa sociedade que apela constantemente para fixarmos nosso olhar para o exterior. Como disse Dag Hammarskjold (1905-1961): “ A viagem mais longa é a viagem interior”.
Numa sociedade marcada pelo frenesi e pelo barulho distrai as pessoas para aquilo que existe no interior delas. Se conhecer a partir de dentro e descobrir muita coisa que desconhecíamos de nós mesmos. Uma sociedade que se apega ao exterior e muitas vezes fica aí, não avança.
Infelizmente muitas pessoas gostam do raso ou não foram formadas para ir a fundo na própria existência. O ter ( exterior) na sociedade é mais valorizado que o ser (interior). Uma inversão lamentável que causa muitos prejuízos.
O conhecimento de si é de suma importância para percorrer o caminho da vida interior e humana. Esse conhecimento nunca será pleno e completo porém é importante realizar para que a vida tenha uma densidade e significado maiores. Conhecer aquilo do que se é capaz e também seus limites como forma de ser responsável por si e pelos outros.
Um processo de leitura psicológica de si e ter de si um juízo justo.
Prof. José Pereira da Silva
