O que aprendemos nos meses sobre o trabalho e sobre a escola? As coisas positivas estão à vista de todos, e não são poucas. Descobrimos que muitas coisas que antes fazíamos apenas de forma presencial podemos fazer também em casa. O smart worting alargou as nossas oportunidades , enriqueceu o nosso enquadramento de oferta laboral, reduziu a poluição e o trânsito.
Falamos e ligamo-nos com pessoas distantes a quem nunca teríamos chegado sem estes novos instrumentos.Ao contrário, dos limites e dos danos destas inovações tem-se falado menos. O primeiro deles tem a ver com a relação entre o ensino à distância e a desigualdade. As aulas pela internet com plataformas mais evoluídas, deu-se conta de que os estudantes mais aptos e motivados participam e aprendem, mas os menos motivados e com problemas anteriores de aprendizagem manifestam muitas dificuldades.
É muito difícil compreender, de casa, o que acontece por trás de um ecrã com câmara desativada porque, dizem, que não funciona. Na sala de aula, um docente atento observa, compreende, motiva, incita; fazer tudo isto pela internet, sobretudo com aulas numerosas, é muito mais difícil.
O vírus deixará uma escola – não só uma economia – mais desigual;e esta é, verdadeiramente, uma péssima notícia , porque as desigualdades na infância e na adolescência multiplicam-se na vida adulta.
O fechamento da escola é um fato grave, ainda que necessário, porque era o principal (por vezes quase a única) atividade verdadeiramente social e comunitária dos nossos jovens; fechando-a, perdemos formação e aprendizagem, mas perdemos também aptidões relacionais e comunitárias.
A didática pela internet, apesar de todos os esforços, pode aumentar o confinamento solitário dos jovens.
Há o smart working dos adultos. Após o entusiasmo pelos primeiros webinar, paulatinamente passou a se compreender que estas plataformas de trabalho pela internet funcionam bem para tarefas individuais, para reuniões de rotina, mas não funciona muito bem para reuniões onde é preciso encontrar soluções novas, para aquelas que tem que gerir situações verdadeiramente complexas e complicadas.
Funcionam pouco ou mal para ativar as funções mais qualificadas da inteligência coletiva, indispensável para criar alguma coisa de valor em conjunto.
Na vida social das organizações, muitas coisas verdadeiramente importantes acontecem como efeitos colaterais das reuniões oficiais. Somos testemunhas de idéias essenciais e decisões geniais que ocorreram durante os intervalos, enquanto se tomava um café, ou se voltava ao escritório.