É sempre necessário uma reflexão daquilo que há de permanente na condição humana. Existe um forte desejo de transcendência por parte das pessoas, o que demonstra a necessidade de religiosidade e espiritualidade.
Surge a necessidade de um repensamento, de um novo pensamento e uma correção de rota.
A avidez cria um consumismo que quer adquirir o mais possível para o consumir, usufrui-lo e depois lança-lo fora. Uma escandalosa sociedade do descarte. A avidez torna as pessoas pobres. A perda de liberdade pela posse das coisas torna as pessoas dependente e interiormente vazias. Ter mais conduz a ser menos. O ideal é ser mais do que ter.
É muito comum as pessoas avaliarem tudo com base no seu uso e utilidade. O ideal seria redescobrir o valor intrínseco das coisas como a inviolável dignidade das outras pessoas.
Pensar novamente na virtude romana da peitas que significa a atitude de temor para com o mundo e as pessoas. Diante de um mundo secularizado e dominado pela técnica , ou seja, redescobri o sagrado. É justamente o inacessível e inutilizável na realidade que fascina e nos escapa. É fundamental preservar a liberdade inteior.
O sagrado é o “mysterium tremendum fascinosum” (mistério tremendo e fascinante). Redescobrir isso é chegar às raízes do humanismo espiritual.
Podemos encontrar Deus em todas as coisas como afirmava Santo Inácio de Loyola (1491-1556) e no sacramento do irmão segundo Hans Von Balthasar (1905-1988).
O humanismo espiritual cristão pode sempre uma conversão profunda, que conduz a uma redescoberta do sagrado e da sacralidade no mundo, em particular do sagrado na pessoa humana.
Esse humanismo é uma mística dos olhos abertos ao mundo , que conduz a viver com as mãos abertas, cooperando na construção da civilização do amor. É um processo contínuo e como ensina o Talmude: “Quem salva um homem salva o mundo inteiro”.
É preciso promover e elevar nossa qualidade humana que é sempre devir e desafio. Promover o humanismo integral.
Prof. José Pereira da Silva
