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terça-feira 24 dezembro 2024
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Fé e Razão – A medida certa pressuposto para uma vida plena e feliz

A espiritualidade quer nos ajudar a conquistar a plenitude da vida. Na espiritualidade é preciso a medida certa assim como tudo na vida. Vivemos numa sociedade que perdeu a medida certa em muitas coisas. Perder a medida certa é gerar desequilíbrios.

A antiga filosofia nos ensina a manter a medida certa em todas as coisas. Uma vida no equilíbrio entre demais e de menos, entre o excesso e a carência.

Essa medida certa é o pressuposto para uma existência plena e feliz. O hábito de um estilo de vida simples e não oneroso torna o ser humano infatigável e aumenta o seu bom humor.

O cristianismo e diversas religiões valorizam as vida sóbria. “Sejam modestos e busquem a medida certa!, escreve o apóstolo Paulo em sua Carta aos Romanos.

São Bento considera a medida certa a virtude mais importante. Para praticá-la ele desenvolve em sua regra do monacato um princípio de equilíbrio. Este se constitui na alternância de atividade e passividade, trabalho e oração, usufruto e renúncia, falar e calar, isolamento e sociabilidade.

Mas a medida certa de cada um deve ser determinada continuamente. Portanto, a medida certa não é uma grandeza estática. Ela precisa ser sempre redescoberta e redefinida, de acordo com a situação.

Em tempos como os de hoje, em que se perderam quase todas as medidas, essa é uma tarefa pretensiosa, mas recompensadora. Aquele que encontra a medida certa não perde a calma facilmente.

Uma vida moderada não deve ser confundida com uma vida sem medidas. O contrário é que é verdadeiro.
Justamente a ausência de medidas esvazia a vida, torna-a inócua, vazia e monótona.

A ausência de medidas coloca a pessoa permanentemente sob a pressão de fazer sempre mais, ganhar e ter sempre mais.

Não ter medidas é considerar-se também o melhor e o mais importante. Ou o contrário, o menor, o pior e menos importante de todos os seres humanos.

Não ter medidas é esperar que todos os outros seres humanos só vivam para nós. Ou o contrário, achar que existimos só para os outros. Finalmente, não ter medidas é lutar para nos tornarmos seres humanos perfeitos, sem erros e fraquezas.

A moderação tem má fama. Porém, muitas vezes é bom se escolher a medida mediana. Repousar no meio, entre os extremos, assumir a própria moderação, sem constrangimentos.

Uma vez Santo Antônio de Pádua, um frade franciscano da Idade Média, formou com seu irmãos uma alegre roda de bate-papo.

Quando um arqueiro que passava por eles viu aquilo, ficou muito indignado e solveu criticar Antônio energicamente. Antônio retrucou:
– Coloque uma flecha no seu arco e estique a corda. Foi o que o arqueiro fez.
– Agora estique a corda mais ainda. Antônio repetiu a ordem várias vezes, até que o atirador finalmente protestou.
– Simplesmente não dá mais, senão o arco se rompe. Antônio assentiu.
– É isso que acontece também com nossa vida. Quando nos forçamos para além da nossa medida certa, rompemos.

Prof. José Pereira da Silva