A comemoração do dia dos pais é uma oportunidade para refletirmos sobre a identidade e a missão deles. Infelizmente são muitos os lares que não contam com a figura do pai, de modo que os filhos crescem na ausência dessa importante referência afetiva, moral e educativa. Isso gera graves prejuízos.
Essa ausência não é simplesmente física. Em muitas famílias, há sim a figura do pai, mas nem sempre vivem e se alegram com a vocação à paternidade. Os filhos que vivem essa experiência são os chamados órfãos de pais vivos.
Professores(as) que estão cotidianamente em escolas lidando com crianças e adolescentes, conhece o impacto da ausência da figura do pai na vida deles. Nessa fase crianças e adolescente são ávidos por referências que dão segurança e com as quais podem se identificar, espelhar, confrontar e projetar o futuro.
Essa ausência do pai, típico da infância causa um vazio que pode marcar uma existência se não for compensada. A orfandade é um sentimento pesado e que, para muitos, é fator para explicar e até justificar males quando jovem. A importância da referência paterna, afetiva e moral na infância. Quando essa figura é inexistente causa em geral prejuízos.
A experiência do sentir-nos amados nos capacita para amar.Um amor paternal que cuida, acompanha e educa. O desenvolvimento da consciência moral não é automático , exige um longo e delicado processo de acompanhamento educativo.
Na perspectiva da contribuição para o pleno desenvolvimento do filho e sua dignidade, o cumprimento da paternidade é um dever natural que, por sua vez, é direito do filho. Não significa uma imposição legal, mas é um dever ético que se impõe à consciência do indivíduo.
Por outro lado, a paternidade declarada e legalmente reconhecida é um direito a ser gerido pelo pai com igual compartilhamento materno. A questão da paternidade e da maternidade, traz consigo inevitavelmente direitos e deveres.
O ato de gerar implica o dever de cuidar, proteger, promover, educar, etc. É verdade que muitos pais assumem a paternidade legal, mas nem sempre são honestos com sua dimensão afetiva ( dar carinho) , moral (dar bom exemplo, ser modelo), educativa ( preparar para a vida) e econômica ( providenciar o necessário para a justa manutenção da prole).
Os filhos aos quais foi negado o direito de usufruírem do carinho paterno padecem uma situação de grave injustiça.
A paternidade é uma relação natural e primária que jamais poderá ser suprimida e nem deveria ser renunciada. A supressão não é possível por causa da questão sanguínea (biológica, permanente) e também nunca deveria ser abdicada por uma questão de natural vínculo afetivo e consciência moral.
Porque somos limitados , também a paternidade humana está carregada de fragilidades. Na Bíblia nos livros sapienciais a paternidade é sempre digna de respeito, reverência e honra. A perda da autoridade paterna ou materna acontece quando o pai ou a mãe se omitem de educar mostrando a seus filhos aquilo que é certo e o que é errado.
Deus quer se honrado na pessoa dos pais porque Ele é a fonte da paternidade (Eclo 3,2). O filho deve cuidar dos pais na velhice, e não abandoná-los e a eles serem caridosos (Eclo 3,13-14). Somos convidados a pensar na figura do pai como bom pastor dos seus filhos (Jo 10, 1-17). O pai para ser bom pastor deve superar toda a forma de egoísmo e narcisismo. O cuidado dos filhos deve estar ao centro de todas as suas preocupações.
O pai nunca deve cochilar nos cuidados dos seus; aquele que não leva a sério essa responsabilidade poderá sofrer prejuízo irreparável. O pai assume a própria responsabilidade; é um dever pessoal; evita delegá-la porque seria fuga da própria missão. Essa autoridade natural não pode ser delegada.
O pai deve cultivar uma grande capacidade de relação; paternidade é relação; é na boa qualidade da relação com seus filhos que o pai manifesta a fidelidade à sua missão; o conhecimento é conseqüência da convivência , da presença afetiva constante e educativa. Pais ausentes são frios, não amam e por isso não cumprem a sua missão.
Prof. José Pereira da Silva