É fundamental o cuidado com a saúde mental. Torna-se particularmente importante cuidar das emoções, pois de forma dramática a Covid-19 escancara a condição frágil de toda a humanidade.
O distanciamento social deste tempo, as mudanças de hábitos, com o espectro atemorizante do adoecimento, agravado pelo luto imposto a muitas famílias, acentuam a fragilidade emocional da humanidade.
Porém é preciso ter presente que as doenças e transtornos psíquicos é fenômeno que antecede a pandemia. Em uma civilização que convive com acelerados processos de mudança, referências são perdidas, com comprometimento de narrativas que geram equilíbrio para o ser humano. Consequentemente, ocorre progressiva e cada vez mais generalizada deterioração da saúde emocional, que é indispensável.
A saúde psíquica é importante para se conquistar bem-estar, felicidade, alegria de viver, alicerces primordiais do sentido da vida.
Quando a saúde emocional é perdida, reflexos são percebidos em diferentes campos existenciais, com incidências terríveis e demolidoras nas relações, na política, na cultura, na religião e na economia.
Por isso mesmo, é preciso recuperar a dimensão psíquica da humanidade. Com urgência tornam-se evidentes a indispensabilidade da vacinação contra a Covid-19 está a também emergencial necessidade de se promover a saúde mental e emocional.
Essa urgência e necessidade tornam-se evidentes quando são percebidos os desvarios de muitas pessoas. O nível de adoecimento da mente, em toda a sociedade, é tão expressivo que discursos e narrativas equivocados tem mais repercussão e adesão que as perspectivas construtivas, educativas, capazes de desencadear qualificada configuração social, política e emocional.
Existe uma fragilização emocional constatável em toda sociedade. A humanidade, ainda mais dolorida e sofrida pela Covid-19, é convocada a pensar sobre si, avaliar seus erros e acertos, motivando-se a contribuir com novas luzes para dissipar as sombras que a impedem de encontrar novo rumo.
Particularmente, é preciso qualificar e promover o humanismo, superando tudo que gera o adoecimento mental e emocional das pessoas. É a falta de humanismo que faz com que o desenvolvimento civilizacional esteja em descompasso com o ritmo dos progressos tecnológicos. E a falta de solidariedade, o crescimento dos racismos, discriminações e desigualdades sociais comprovam a incompetência emocional de sociedades na administração de seus recursos, que seriam capazes de sustentar uma realidade mais justa e igualitária.
A dor lancinante sofrida pela humanidade, por suas muitas feridas, por não se saber bem o que fazer para superar as muitas crises necessita do remédio-bálsamo da espiritualidade. A humanidade está em confronto com o mistério de um amor maior. Sejam superados discursos viciados, ilusoriamente exitosos, com uma experiência espiritual que gere reunificação, articulando diferenças. Em 1988, a Organização Mundial de Saúde (OMS), incluiu a dimensão espiritual no conceito multidimensional de saúde.
Fundamental uma espiritualidade e humanismo integral. O ser humano deve ser entendido em seus diferentes níveis: psicobiológico, psicossocial e psicoespiritual. Devemos trabalhar e nos empenhar no crescimento da saúde mental e emocional. Essencial o desenvolvimento de uma espiritualidade integradora. A vida espiritual é abertura de todo novo ser para Deus e enraizamento nas realidades emergentes que nos rodeiam.
Prof. José Pereira da Silva