A nossa época tem como uma de suas marcas a desassociação. Existe uma desconexão do interior das pessoas. A sensação de um mosaico em que as partes não se encaixam pois falta sentido e coesão.
O homem de hoje vive numa sociedade pluralista e pluriversal. O período contemporâneo tem as mais diversas concepções antropológicas. Assistimos a existência humana ameaçada e desafiada. Viver de modo humano e harmonioso pode ser bastante desafiador. O homem atual vive um emaranhado de filosofias, cercado de ideologias e sente o peso do mal no cotidiano.
Tal situação gera nas pessoas desilusões em relação à realidade humana. Muitos se tornam fatalistas. A sede do infinito presente no coração humano muitas vezes se perde no imediatismo e na despreocupação pela qualidade dos caminhos. É como alguém que estando com fome não se preocupa com a qualidade do que come. Em tal situação os problemas se enraízam ainda mais se distanciando da solução.
A harmonia do coração humano exige um esforço e conquista constantes. É uma batalha contra o mal e as desarmonias aí escondidas. Essas desarmonias se aninham no interior de nós mesmos. O mal é sempre um elemento desagregador.
O homem busca freneticamente o novo que nunca o satisfaz. O homem no profundo de seu íntimo tem necessidade de buscar a harmonia de sua vida, da sua existência. Essa busca não é fácil porém é necessária.
Tanta na vida individual como a social é fundamental a busca e a adesão aos valores e princípios que gerem bem-estar individual, social e espiritual. Buscar a harmonia da vida é uma opção existencial que gere paz, amor e que fortaleça as motivações do bem. Na identificação dos valores e nas escolhas prioritárias de cada pessoa realiza em sua vida. O ser humano é chamado a auto determinar em sintonia com as exigências de sua natureza espiritual. O homem deve inserir-se na história e abrir-se à transcendência.
A existência humana deve sempre estar aberta ao Transcendente, não fechada no tempo material de forma materialista e hedonista. A sociedade prega uma harmonia pragmática que reduz quase tudo ao utilitarismo das coisas, aos bens de consumo.
O diálogo fé e razão é importante na busca da harmonia existencial, pois o tempo e a existência correm para a eternidade. Nesse caminho da harmonia existencial é necessário o amor a Deus e ao próximo. A fonte da harmonia existencial é o amor divino. O retorno à comunhão com Deus, com o próximo, consigo mesmo e com o meio ambiente. Romper com aquilo que causa a desarmonia existencial: inveja, rivalidade, exploração, ambição entre outras.
Viver em harmonia, respeitando uns aos outros, promovendo a concórdia em todos os âmbitos.
A ruptura do equilíbrio existencial gera muitas consequências: “O homem descobre-se inclinado ao mal, dividido em si mesmo, e rodeado de um ambiente hostil” (LG,n.13). A desarmonia gera frustração e a alienação existencial. Buscar a harmonia existencial é reconhecer e concretizar a dignidade humana.
É preciso refletir que a situação existencial do homem é muitas vezes problemática, cheia de tensões porém sempre aberta à esperança e as mudanças positivas transformadoras. É preciso sempre reencontrar o caminho perdido e construir algo sempre melhor. Temos uma responsabilidade conosco mesmos e com os outros. Criar comunhão, integração e colaboração. Renovar a esperança!
Prof. José Pereira da Silva