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sexta-feira 27 dezembro 2024
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Fato verídico: A gratidão de Mariazinha

• Waldenir Cuin – Votuporanga/SP
As atividades mediúnicas, na Casa Espírita, seguiam seu curso normal de socorro aos Espíritos sofredores. Os encarnados ali reunidos se esmeravam em esforços, junto aos benfeitores espirituais, para aliviar as dores e os padecimentos que torturavam muitos desencarnados em penúria.
Foi quando um Espírito se apresentou pedindo socorro, pois que não conseguia respirar e tinha urgente necessidade de um médico. Obviamente acreditava ainda estar vivendo num corpo físico, desconhecendo sua situação de desencarnado.
Mandara chamar o médico da Vila, mas como eram inimigos, o facultativo se recusava a atendê-lo. Afirmava que ele não gostava do médico e nem o médico gostava dele.
O irmão que dirigia as ações mediúnicas daquela noite sugeriu a ele que o socorro já estava em andamento e que outro médico fora chamado e prestava-lhe os devidos cuidados.
– Este médico é bem mais jovem, acusa o doente.
– Sim, mas é muito competente. Está colocando uma máscara em seu rosto para que respire aliviado. Ele lhe oferece um remédio para sanar a dor do seu peito. Obedeça ao que ele determina. Tome o medicamento.
– Estou melhorando…. estou bem melhor.
Nesse instante o amigo encarnado o esclarece sobre a sua condição espiritual, informando-o sobre a sua morte física e consequentemente a sua chegada à vida espiritual.
– Não conheço vocês. Porque estão cuidando de mim uma vez que nunca me preocupei em ter amigos. Tive muitas posses e vivia com minha mãe. Mas ela morreu. Nunca fiz nada de bom para ninguém, fiz sim foi muitas barbaridades, sou um criminoso, fui muito odiado e tinha muitos inimigos.
– Você acredita que nunca fez nada de bom? E a Mariazinha?
– Como você sabe disso? É um adivinho? A Mariazinha era uma andarilha conhecida como Maria Louca. Vivia pelas estradas. Mas o que fiz a ela foi pouco diante do que ela fez pela minha mãe.
Um dia voltava para minha casa quando ela me parou na estrada e pediu uma carona. Fiquei com pena dela, pela sua situação, estava em farrapos e com fome. Então, a levei para minha casa. Lá minha mãe a acolheu e a amparou. Ela foi ficando lá, ajudando nas tarefas da casa. Minha mãe adoeceu e quem cuidou dela com muito carinho e zelo foi a Mariazinha, até o dia em que ela morreu.
Então, na casa da fazenda ficou eu e ela, mas apesar de todos os meus muitos defeitos, sou uma criatura respeitadora. Não poderia ficar sozinho com ela, então determinei que fosse feita uma casinha para acomodá-la, com mobiliário e tudo. Nessa casa ela viveu ainda um bom tempo até que a velhice chegou e a morte a levou também.
– Mas o que tem a ver a Mariazinha diante do socorro que estou recebendo agora, embora tendo a consciência de que nem mereço tanto, ante as barbaridades feitas nesse mundão de Deus.
– As leis de Deus, meu irmão, são de amor e de justiça, jamais de castigos e de punições. Claro, que pela lei de causa e efeito, haveremos de conviver com os reflexos negativos das nossas ações infelizes, mas a mesma lei nos garante o direito de experimentar a alegria do bem vivenciado. Sendo assim, veja agora, quem solicitou a Deus que você fosse socorrido, observe quem se aproxima de você.
– Não acredito, é você Mariazinha….
Os instantes seguintes foram de pranto emocionado.
Mesmo no contexto de uma vida mergulhada em erros e equívocos, bastou uma ação no bem para que a Providência Divina se curvasse em favor daquele irmão necessitado. Ele haverá de responder pelo mal que fez, mas o bem sempre será uma notável atenuante em seu favor. Reflitamos…
“Muitas vezes a criatura complicada que nos agrega à família, traz consigo as marcas de sofrimento ou deficiências que lhe foram impostas por nós mesmos em passadas reencarnações”. (André Luiz/Chico Xavier, no livro “Sinal Verde”, item 7)