Felizes os mansos porque herdarão a terra!
• Maroísa Baio – Limeira/SP
A segunda bem-aventurança (Mateus 5:4) é consequência natural da humildade, exaltada por Jesus no início do Sermão do Monte. Em algumas traduções da Bíblia esta é a terceira bem-aventurança e não a segunda. Como seguimos a tradução da Bíblia de Jerusalém e consideramos a mansuetude decorrente da humildade, sendo possível incorporar essas duas exortações em apenas uma, optamos por esta versão.
Mas o que significa mansuetude? É a propriedade daqueles que possuem índole pacífica; brandura, docilidade. Justamente o contrário do comportamento característico dos romanos: agressivos, violentos e cruéis. Apesar de toda opressão que exerciam sobre os judeus, sobretudo o povo simples da Galiléia, Jesus encoraja aquela gente a não revidar as agressões sofridas e a não acalentar sentimentos de ódio, revolta, agressividade. Que se mantivessem humildes e mansos. Convenhamos que tal atitude não é nada fácil!
Na atualidade, ainda vivemos sob a pressão da violência, que ganha espaços amplos na mídia.Tornou-se um comportamento tão comum que essa lição de Jesus parece estranha a muitos, habituados ainda ao “olho por olho”. Para estes, a brandura serve apenas para fazer covardes e vencidos.
Mas não é essa a concepção evangélica! Ser manso é ser brando, pacífico, sereno; é preocupar-se não apenas com as próprias necessidades mas também com as dos outros; é não ser ambicioso nem inescrupuloso pelos bens terrenos. Essa postura não significa ausência de bom ânimo e boa vontade para progredir! Muito pelo contrário! Ela conduz naturalmente à paz íntima tão desejada!
Outa questão que pode causar estranheza é a promessa de Jesus aos mansos: eles herdarão a terra! Com tais palavras Ele conduzia aquelas pessoas à lembrança do Salmo 37 que trata da sorte do justo e do ímpio; o versículo 11 afirma: “mas os pobres possuirão a terra e se deleitarão com paz abundante.”
O verbo está no futuro, portanto, é herança a ser conquistada. Para quem não aceita a pluralidade das existências, ou seja, a reencarnação, fica difícil entender o significado dessa conquista; quando as leis divinas forem praticadas por todos, os violentos não poderão mais reencarnar nesse planeta, pois não encontrarão mais oportunidades de continuar agindo com base na violência, impedindo o progresso espiritual e a felicidade de seus habitantes. Como diz o Salmo 37, o ímpio procurará seu lugar e não o encontrará.
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Mas por que Jesus se refere à uma conquista material? Porque o Espírito encarnado necessita dos bens que o planeta fornece para viver e progredir. Até o presente estágio evolutivo da humanidade, esses bens têm sido arrebatados pelos poderosos através da violência, seja física, verbal, psicológica ou emocional.
Porém, não é preciso aguardar o futuro para cuidarmos da terra que nos acolhe com misericórdia. Podemos e devemos dirigir nossa atenção ao consumo, ao destino do lixo, aos cuidados com a natureza e os animais. Há muito para fazer! Basta ter boa vontade! E esses cuidados podem se dar por meio de ações serenas, sem precipitação nem violência!
Vencer a violência é um grande desafio, tanto pessoal quanto coletivo. Sim! É tarefa de responsabilidade para todos. Como colaborar para que ela diminua até extinguir-se de vez? Quais ações para combatê-la? De que modo trabalhamos para superá-la em nós, seja onde for e com quem for?
Somente sendo mansos e pacíficos é que poderemos pensar e agir para o bem comum, conquistando a paz tão desejada no terreno íntimo de nossos corações! Essa é a promessa de Jesus!