• Maroísa Baio – Limeira/SP
Felizes os que têm fome e sede da justiça, porque serão saciados!
O verdadeiro significado da quarta bem-aventurança (Mateus 5:6) é muito mais profundo do que possa parecer numa leitura superficial. Por isso, caro leitor, não estranhe a palavra justeza que significa qualidade do que é justo. Pouco conhecida, ela oferece o sentido correto para a compreensão adequada dessa bem-aventurança. Eis alguns exemplos: a mercadoria foi avaliada com justeza; as doações foram entregues com justeza aos necessitados; o cristão deve pautar sua vida com justeza.
Não se pode esquecer, no estudo das bem-aventuranças, da situação em que viviam as pessoas a quem Jesus se dirigia, oprimidas pelas arbitrariedades do governo romano e pelos excessos do culto exterior do judaísmo que não mais acalentavam o coração sofrido daquele povo. Assistindo indefesos às injustiças sofridas é compreensível que se sentissem revoltados mas, por qual justiça ansiavam?
Um ditado popular diz que na Terra há muitas injustiças mas não há ninguém injustiçado. Também é comum ouvir: a justiça de Deus tarda mas não falha! E diante de situações onde os direitos dos cidadãos são ignorados pelas autoridades, os que se sentem lesados costumam bradar: justiça!
A justiça dos homens ainda se caracteriza por muitas arbitrariedades; buscando cumprir a justiça para alguns, comete-se injustiça para com outros. Aqueles que clamam por seus direitos muitas vezes não pensam em seus deveres e querem que a justiça seja feita para eles, mesmo que outros sejam prejudicados. Essa forma de justiça é revoltante pois não é igualitária. É o cenário da atualidade, presenciado todos os dias.
Cairbar Schutel, em “Parábolas e ensinos de Jesus”, considerando a diferença dessa postura, ressalta:
“Bem-aventurados os que se revoltam contra a injustiça, mas são resignados e calmos. Ai dos indiferentes, dos acomodatícios, dos covardes, dos servis, que em proveito próprio aplaudem a injustiça!”
Jesus nos exorta a não cultivarmos a revolta e a indignação perante a justiça dos homens mas que procuremos nos ajustar às leis divinas! Mesmo sendo usurpados daquilo que por direito nos pertença, que tenhamos resignação e paciência, buscando primeiramente o reino de Deus e Sua Justiça pois o necessário nos será dado por acréscimo de Sua Misericórdia! Que aguardemos o futuro, confiando na Justiça Divinal!
Essa justiça se cumpre numa lei única que rege o destino de cada um: semeadura livre, colheita obrigatória. Todos nós, oprimidos e opressores, retornaremos à vida espiritual, após a morte do corpo físico, colhendo os resultados de nossos erros e acertos! Tomando consciência da necessidade de reajuste, ansiamos por uma nova existência no plano físico, desejando pautar a vida dentro dos padrões do Evangelho! E o Senhor magnânimo nos dará novas oportunidades de reajustamento às leis divinas pelas vias da reencarnação, até que aprendamos a conquistar a justeza, isto é, a viver com fidelidade à justiça!
As bem-aventuranças não podem ser tratadas isoladamente; elas estão conectadas numa sequência lógica. Jesus iniciou seu discurso com o incentivo à humildade que conduz à mansuetude que por sua vez leva à resignação, surgindo um anseio íntimo da criatura ao seu próprio ajustamento aos desígnios divinos!
Essas virtudes: humildade, mansuetude, resignação e justeza só se desenvolvem em mundos de provas e expiações nos quais seus habitantes ainda necessitam do sofrimento como recurso pedagógico divino. Portanto, diante das aparentes injustiças que nos atinjam, procuremos permanecer fiéis à justiça divina!
Exortação à justeza!
dez 11, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Exortação à justeza!Like
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