• Maroísa Baio – Limeira/SP
Avante os humilhados de espírito!
A primeira bem-aventurança (Mateus 5:3) apresenta muitas diferenças de tradução, dificultando a real compreensão das palavras de Jesus. Em grego encontramos: “Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus”. Por sua vez, essa tradução apresenta variações, tais como: “Bem-aventurados (ou Felizes) os pobres de espírito…”. E no original em hebraico: “Avante os humilhados de espírito, porque para eles é o reino dos Céus!”
Novamente, buscamos os esclarecimentos do Prof. Severino, no livro “O Sermão do Monte”:
“O hábito de se traduzir a expressão ‘humilhados de espírito’ por ‘pobre de espírito’ dificulta sua real interpretação. É uma tendência natural da tradução do termo grego ‘ptoco’ que significa pobre. ‘Humilhados’ é o significado exato da palavra hebraica ‘aní’, próxima da palavra ‘anav’ (humildade, humilhação).”
No estudo das bem-aventuranças é preciso ter em mente o estado moral das pessoas às quais Jesus se dirigia. Na maioria, eram pobres, humilhados pelos orgulhosos e cruéis romanos e esquecidos pelos vaidosos fariseus, indiferentes às necessidades daquela gente. Jesus se dirigiu a elas, exortando-as à coragem, à paciência, à perseverança, à fé no futuro. Perseverando, alcançariam a paz tão desejada!
Importa destacar que essas pessoas, além das preocupações comuns relacionadas à própria sobrevivência e aos cuidados com a família, estavam sujeitas à dores superlativas devidas à crueldade do ser humano, sem direito algum e sem ninguém que as defendesse. Além disso, os recursos médicos eram escassos e somente os mais ricos tinham acesso a eles. Qualquer desequilíbrio da saúde, mesmo simples, tomava dimensões dolorosas.
Outra questão que surge é a seguinte: qual seria a reação comum daquelas pessoas diante de tantas humilhações? E qual seria nossa reação se estivéssemos na mesma situação? Abatimento? Revolta? Indignação?
Surge então Jesus, exortando aquela gente sofrida a não cultivar sentimentos negativos no coração, o que lhes acarretaria males ainda maiores, e isso só seria possível se cultivassem a virtude fundamental: a humildade! Ele apresenta a humildade como a virtude sem a qual não se conseguirá as demais, como a paciência, a misericórdia, a pureza de coração, a mansidão, a esperança, o desapego dos bens materiais.
Para Cairbar Schutel, no livro Parábolas e ensinos de Jesus: “A humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus. Sem a humildade nenhuma virtude se mantém.”
Infelizmente, ao se traduzir “humilhado” por “pobre de espírito” passou-se a confundir humildade com pobreza. Mas o que é a humildade? É o reconhecimento de nossa pequenez diante da grandeza do Universo; a consciência de que tudo é criação divina; que estamos na Terra como usuários e não proprietários; que somos todos irmãos, portadores da mesma centelha divina!
Conquistamos a humildade quando nos submetemos aos Desígnios Divinos, sem revolta no coração; quando aceitamos as dificuldades da vida, reconhecendo que estamos sujeitos a enganos. Para a conquista dessa virtude, não entra em jogo a riqueza ou a pobreza, o saber ou a ignorância. Assim afirma Cairbar Schutel:
“Não é a ignorância e a baixa condição que nos dão o Reino dos Céus, mas, sim, os atos nobres: a caridade, o amor, a aquisição de conhecimentos que nos permitem alargar os planos da vida em busca de mais vastos horizontes, além dos que avistamos!”
Perante as opressões da vida, quando tudo tentamos para alcançar a paz e nada conseguimos, experimentemos a humildade!
Exortação à humildade
out 23, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Exortação à humildadeLike
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