Bem-aventurados os que choram porque serão consolados!
• Maroísa Baio – Limeira/SP
A terceira bem-aventurança (Mateus 5:5) é portadora de conforto e consolação, exaltação ao otimismo, à perseverança e à certeza da vitória! Apresenta algumas diferenças na sua tradução, sendo encontrada também como: Felizes os aflitos, porque serão consolados. Mas substituir “chorar” por “aflitos”, descaracteriza seu sentido original pois, na forma primitiva, em hebraico, essa exortação foi pronunciada da seguinte forma: “Avante os enlutados, porque eles serão consolados!” Ou seja, o que originalmente foi apresentado significa luto, dor pela morte de alguém. A tradução para o grego substituiu a palavra luto por chorar.
Jesus se dirigia àqueles que haviam perdido seus entes queridos devido à opressão romana, recordando as palavras do profeta Isaías aos pobres (61:3): “… a fim de consolar os enlutados, a fim de dar-lhes um diadema um lugar de cinza e óleo de alegria em lugar do luto, veste festiva em lugar de espírito abatido…” Jesus também fazia uma evocação ao Salmo 126:5-6, ressaltando a necessidade de confiar que a consolação virá: “Os que semeiam com lágrimas, ceifam em meio a canções. Vão andando e chorando ao levar a semente; ao voltar, voltam cantando, trazendo seus feixes.” Assim, Jesus enaltecia a necessidade da confiança em Deus que possui meios infinitos para consolar os que sofrem.
Mas há também os que choram de raiva, de ciúme, de despeito, de intransigência, de revolta, do fracasso. Não é para estes que se aplica esta exortação de Jesus. Por isso é preciso saber primeiro a razão que leva ao choro, se ele é de fato causado por uma situação de luto íntimo. Um coração enlutado não é apenas aquele que chora a morte de um ente querido. Pode-se aplicar esse sentimento para outras situações da vida, tais como: a amargura da desilusão, a escassez de recursos, o declínio da saúde, a ingratidão, o abandono, etc. Por sua intensidade, podem levar às lagrimas que passam a ser companheiras constantes ao longo da vida.
Essa exortação de Jesus se dirige a todo aquele que traz o coração abatido, confortando e encorajando para que confie na providência divina pois será consolado e essa consolação pode se dar de mil formas, muitas vezes por caminhos sequer imaginados.
E ainda há aqueles para quem o pranto é sinal de fraqueza, de pequenez. Amélia Rodrigues, benfeitora espiritual, no livro Primicias do Reino, cap. 3, afirma que as lágrimas representam a presença divina, trazendo a paz refazente e que não sejam de revolta, pois:
“Quando alguém chora, a Lei está justiçando, abrindo rotas de paz nas províncias do espírito para o futuro… Chorar é buscar Deus…”
Sabendo que a Humanidade atravessaria momentos acerbos no futuro, Jesus prometeu um consolador às dores humanas: o Espiritismo. Com isso, a consolação tem como base o conhecimento e a fé passa a ser raciocinada, mostrando que todo sofrimento tem uma causa justa, pois Deus é justo, e um objetivo útil: nossa elevação espiritual.
Chico Xavier, com toda simplicidade, passava ensinamentos profundos de forma que todos pudessem compreender. Dizia ele que na Terra estamos todos em processo de desidratação: transpiramos no trabalho para a conquista do pão de cada dia e choramos lágrimas ardentes na dor que nos redime!
Considerando as virtudes trabalhadas nas três primeiras bem-aventuranças – a humildade, a masuetude, a confiança – eis que surge a resignação, que tem o poder de amenizar o impacto do sofrimento, sustentando nossa fortaleza interior e garantindo equilíbrio nas tormentas da vida!
Exortação à confiança!
nov 20, 2019Bruno FonsecaColuna Espírita (Agê)Comentários desativados em Exortação à confiança!Like